quinta-feira, 28 de maio de 2015

Crise de pânico

Ando tendo crises terríveis de pânico, sempre ao acordar. Desde 2014 que elas começaram. Houve momentos de maior intensidade em que elas me impossibilitavam de sair da cama. Eu abria os olhos e já começava a tremer, a  suar frio, a  ter taquicardia, o coração disparava e uma dor imensa invadia todo o meu ser. Eu olhava para o dia que parecia um bicho peçonhento e ficava ali como um cão abandonado sem conseguir me mexer, suando cada vez mais, desesperada, sozinha, sem ninguém por perto, sem ninguém para me estender a mão, sem ninguém saber o que estava acontecendo. E eu suava cada vez mais e cobria o rosto com o cobertor, tentando desesperadamente dormir novamente, apagar, para não ter que presenciar aquilo, para não ter que viver tanta miséria da alma, tanta dor. Depois de mais de uma hora nessa situação, às vezes quase duas, eu levantava, com o pijama todo ensopado, com o dia perdido, praticamente, porque já era muito tarde e tinha que encarar o bicho do dia, com minhas mãos frágeis. Então eu queria morrer e só pensava na morte. Nesses momentos, ficava imaginando as formas de morrer. Se não fosse tão difícil... Eu queria um método que fosse infalível. Pensava em enforcamento, em tomar um caminhão de remédio, em tanta coisa. E havia minha filha dentro desse dia, por isso acho que levantava; e havia meu filho fora do país, que tem uma imagem minha de alguém que lutou e conseguiu reverter a vida dele, por isso levantava; não por mim, nunca, pois se pudesse desligava o botão da minha vida - eu já disse isso várias vezes aqui. Mas eu vou continuando, não sei como. 

Há duas semanas e meia que tenho vivido tal síndrome do pânico novamente. Tenho levantado da cama às 09:00/09:15. Já é uma vitória, porque andava saindo às 10:30/11:00, em 2014. Os mesmos sintomas: muito medo, dor horrível no peito, suor exacerbado, querendo dormir novamente, cobrindo a cabeça com o cobertor e suando cada vez mais; taquicardia; por volta de uma hora na cama sem conseguir levantar, nesse desespero; sozinha, sem ninguém para ajudar; marido fora do estado, impassível diante da situação. Ele não quer saber se sofro ou não, importa é o meu salário bom e minha estabilidade. É isso que valho. Sem dinheiro, não valho nada pra ele. Se virar dona de casa, serei menosprezada e judiada emocionalmente. Não tenho pra onde correr. 

A universidade está em greve e estou aproveitando esse momento para colocar o trabalho em ordem. É uma luta, dia após dia. É como disse Kassia Kiss em uma entrevista: a cada passo, retirar uma pedra do caminho, desde a hora que levantamos até a hora de dormir. Mas a hora de levantar é cruel. 

Eu estou muito triste. Eu tenho que enfrentar o dia sozinha, acho que por isso o pânico. Acho que somos sozinhos na vida. Eu queria que alguém me pegasse, um anjo, por exemplo, e me levasse para a casa dele e me tirasse desse mundo e cuidasse da minha alma. Eu sou muito esforçada e ele poderia ter dó de mim. Mas não tem jeito, isso nunca vai acontecer. O Céu não socorre a Terra. Eles são muito cruéis. Deus é muito cruel. Muito cruel. 

Tenho que trabalhar agora. O dever me chama. É sempre assim. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário