domingo, 9 de agosto de 2015

Deus, me ajude a ajudar

Acabo de ver três fotos do meu irmão caçula com sua única filha, que foram enviadas pela minha cunhada, via whatsapp. Hoje é dia dos pais. O cenário da foto é a casa dela, na qual meu irmão não pode morar, porque ela tem apenas dois cômodos: uma cozinha e um quarto, em que dormem dois adultos e três crianças: ela, a filha com duas crianças e a filha do casal. No meio dos dois quartos um banheiro, que, pelo que me lembro, não tem sequer porta; uma cortina de plástico faz a vez da porta. 

Deus, me ajude a ajudar. Faça de mim alguém forte, cure a minha doença. Acho que é por cenas assim que ainda não morri. 

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Carta a J.

Oi, J., 

A última semana não foi muito boa, me desculpe. A vida não tem sido fácil pra mim desde que eu me entendo por gente. Então, comecei a lutar bravamente, na esperança de quando chegasse a essa altura dela, e já estivesse equilibrada e estabilizada, mas não foi isso que aconteceu. Regressamos ao Brasil e enfrentamos uma boa barra, reformando a casa, vivendo 06 meses no apartamento apertado, reafirmando a vida aqui com todos os detalhes que essa tarefa requer, cuidando da readaptação da C. no novo colégio, enfim, não foi fácil. Mas era uma alegria ver  C. naquele colégio espetacular, mesmo naquele custo. Então os móveis chegaram, mas ainda tivemos meses pela frente para terminar tudo, pintando a casa e enfrentando obras e mais obras. Mesmo assim, ainda não havia ficado pronto, tinha a parte externa a ser feita, principalmente a área da lavanderia. Ou seja, mais trabalho. 

Mas foi aí que  a vida me pregou a pior peça de todas. Eu não sei se a pior, mas a mais difícil, com certeza. Depois de tudo pronto, estabilizado, vem o concurso num lugar longínquo e tomo consciência de que aquela vida era linda, mas tinha alguma coisa errada com ela. De alguma forma, ela não podia acontecer e se manter. 

Eu encontrei na vida algo muito difícil de se encontrar: um lugar para morar que amo com todas as minha forças, um lugar que me faz tão bem que um dia me peguei chorando de alegria por estar ali, o lugar no qual gostaria de viver para sempre, até o último dia da minha vida. E, quando esse dia chegasse, que eu fosse enterrada ali, para me misturar àquela terra que é a mesma coisa que eu. Eu amo V.! Se me oferecessem entre morar em Paris e morar em V., eu escolheria V.. Eu escolhi V., mas não posso usufruir dela. Viver longe da minha fonte de energia é a coisa mais triste que tenho que fazer na vida. Ter que passar 10 anos fora, no mínimo, para poder pagar por V., para poder ter o direito de morar nela, um dia, é arrasador. Eu não se foi a vida que fez isso comigo, não sei se foi eu mesma que fiz, não sei se foi nós que fizemos isso conosco. Não tenho essa resposta. Às vezes acho que foi a primeira possibilidade, às vezes a segunda, às vezes a terceira. O fato é que não  consigo chegar a uma conclusão que represente a verdade dos fatos.  

Não gosto de VC, não sinto prazer nenhum em estar aqui. Não sinto amor pela casa que foi erguida. Eu tenho apenas uma casa. Aqui é trabalho. A cidade é triste e pessoas tristes como eu precisam do mundo para poder reverter seu quadro interior; precisamos de vida e aqui não tem vida, não tem mundo ao redor, não tem nada. Não tem nós dois, não tem você chegando em casa depois de um dia na P. (mesmo tarde, eu não me importava, pois eu tinha V.), não tem poesia. Então só resta o trabalho: a verdadeira realidade. É preciso pagar pela poesia, não é mesmo? Poucos têm direito a ela. 

Já percorri (e não vivi) 3 anos e meio dessa jornada e igual a um presidiário que faz a contagem regressiva para sair da cadeia assim faço eu: lá se foi mais um dia, lá se foi mais um mês. Ano? Uma eternidade. 

Eu tento desesperadamente encontrar mecanismos para percorrer essa estrada, mas não é fácil, nem sempre consigo e acabo mergulhando numa tristeza sem fim, porque a dor é insuportável. 

Nem você e nem ninguém conseguem mensurar o quanto sinto por ter que ser assim. Que pena! É o que tenho a dizer: que pena! 

Mesmo sabendo que sua verdade é outra e seu olhar também, mesmo sabendo que é difícil para você compreender toda essa conjuntura, eu precisava me colocar para você. 

domingo, 31 de maio de 2015

dia 20 de dezembro de 2021: a data da minha carta de alforria

No dia 20 de dezembro de 2021, uma segunda-feira, eu consigo minha carta de alforria. Completo 10 anos de serviço público e posso pedir minha aposentadoria. Terei ultrapassado os 30 anos de trabalho e muito, pois comecei aos 14 anos, com registro em carteira. Nessa data já terei quase 40 anos de trabalho, mas neste país de merda é assim mesmo: ganha quem começa a trabalhar aos 30 anos e não tem que lutar na vida, antes disso. O fator previdenciário acabou com os pobres que tiveram que começar a trabalhar aos 14 anos, acabou com a minha geração. Naquela época podia. 

Essa é a data:

Dezembro de 2021

Dom    Seg      Ter      Qua     Qui      Sex      Sáb
                                       1          2          3          4
5             6          7          8          9         10        11
12          13        14        15        16        17        18
19          20        21        22        23        24        25
26          27        28        29        30        31    

Só me resta esperar e trabalhar muito até lá. Não que eu não queira fazer mais nada. Realmente não é isso, mas fazer alguma coisa que me dê apenas prazer. Será que existe? Eu hei de encontrar! Não desisto de nada - eu sempre dizia. Agora penso em desistir a todo instante. Que sofrimento! Que dureza ficar longe do meu pequeno paraíso! E ainda por mais 6 anos e meio! Seis longos anos e meio. 

Aurora 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Crise de pânico

Ando tendo crises terríveis de pânico, sempre ao acordar. Desde 2014 que elas começaram. Houve momentos de maior intensidade em que elas me impossibilitavam de sair da cama. Eu abria os olhos e já começava a tremer, a  suar frio, a  ter taquicardia, o coração disparava e uma dor imensa invadia todo o meu ser. Eu olhava para o dia que parecia um bicho peçonhento e ficava ali como um cão abandonado sem conseguir me mexer, suando cada vez mais, desesperada, sozinha, sem ninguém por perto, sem ninguém para me estender a mão, sem ninguém saber o que estava acontecendo. E eu suava cada vez mais e cobria o rosto com o cobertor, tentando desesperadamente dormir novamente, apagar, para não ter que presenciar aquilo, para não ter que viver tanta miséria da alma, tanta dor. Depois de mais de uma hora nessa situação, às vezes quase duas, eu levantava, com o pijama todo ensopado, com o dia perdido, praticamente, porque já era muito tarde e tinha que encarar o bicho do dia, com minhas mãos frágeis. Então eu queria morrer e só pensava na morte. Nesses momentos, ficava imaginando as formas de morrer. Se não fosse tão difícil... Eu queria um método que fosse infalível. Pensava em enforcamento, em tomar um caminhão de remédio, em tanta coisa. E havia minha filha dentro desse dia, por isso acho que levantava; e havia meu filho fora do país, que tem uma imagem minha de alguém que lutou e conseguiu reverter a vida dele, por isso levantava; não por mim, nunca, pois se pudesse desligava o botão da minha vida - eu já disse isso várias vezes aqui. Mas eu vou continuando, não sei como. 

Há duas semanas e meia que tenho vivido tal síndrome do pânico novamente. Tenho levantado da cama às 09:00/09:15. Já é uma vitória, porque andava saindo às 10:30/11:00, em 2014. Os mesmos sintomas: muito medo, dor horrível no peito, suor exacerbado, querendo dormir novamente, cobrindo a cabeça com o cobertor e suando cada vez mais; taquicardia; por volta de uma hora na cama sem conseguir levantar, nesse desespero; sozinha, sem ninguém para ajudar; marido fora do estado, impassível diante da situação. Ele não quer saber se sofro ou não, importa é o meu salário bom e minha estabilidade. É isso que valho. Sem dinheiro, não valho nada pra ele. Se virar dona de casa, serei menosprezada e judiada emocionalmente. Não tenho pra onde correr. 

A universidade está em greve e estou aproveitando esse momento para colocar o trabalho em ordem. É uma luta, dia após dia. É como disse Kassia Kiss em uma entrevista: a cada passo, retirar uma pedra do caminho, desde a hora que levantamos até a hora de dormir. Mas a hora de levantar é cruel. 

Eu estou muito triste. Eu tenho que enfrentar o dia sozinha, acho que por isso o pânico. Acho que somos sozinhos na vida. Eu queria que alguém me pegasse, um anjo, por exemplo, e me levasse para a casa dele e me tirasse desse mundo e cuidasse da minha alma. Eu sou muito esforçada e ele poderia ter dó de mim. Mas não tem jeito, isso nunca vai acontecer. O Céu não socorre a Terra. Eles são muito cruéis. Deus é muito cruel. Muito cruel. 

Tenho que trabalhar agora. O dever me chama. É sempre assim. 

domingo, 17 de maio de 2015

Um dia isso tem que acaber

Acabo de chegar da casa de um casal de mineiros muito amigos. Ela é enfermeira; ele, delegado. Gosto muito da maneira mais despreocupada com que eles levam a vida, pelo menos em aparência. Entro no meu e-mail, à meia-noite - neurose da vida acadêmica, e havia um enviado por uma editora de uma revista científica, as tais que me matam. Escrevi um artigo e o havia enviado para publicação. Os três pareceres foram favoráveis, mas pedem uma série de mudanças. Claro, ficarei horas, dias, em cima desse artigo para atender às mudanças solicitadas. Fora o estresse que é abrir um e-mail desses, pois você nunca sabe se seu artigo vai ser aprovado ou não. Eu começo até a tremer um pouco, a suar. Acho que tenho pânico desse negócio. Acho, não, tenho certeza. 

Um dia vou apenas viver, sem esses horrores, sem ter que me deparar com e-mails assim. Um dia vou chegar da casa de amigos, como ocorreu hoje, e ficar tranquila porque saberei que no dia seguinte terei que apenas viver a vida. E nessa vida não tem espaço nenhum para a Capes, apenas para os amigos, o pilates, a participação em ongs, fazer bem aos outros..., ou seja, a VIVER. 

O governo vai mudar o fator previdenciário. Não sei como a nova mudança afetará os funcionários públicos, que já possuem o modelo 85/95, mas essa possibilidade já é uma mudança. 

Um dia vou acordar e ter que apenas viver. Tomara, meu Deus! Me conceda essa graça!. 

domingo, 19 de abril de 2015

Ver a vida como ela pode ser

Eu não quero me esquecer dessa frase, dita no filme Cinderela, porque eu também vejo a vida como ela pode ser. O que pode ser, para mim: sair do cinema, na metrópole ao lado da minha amada cidade, cinema este dentro de shoppings que exalam perfumes bons, que impregnam a alma da gente de sensações delicadas, pegar o carro no estacionamento e dirigir por aquelas estradas maravilhosas, com belas vegetações ao redor, e chegar até a cidade da minha vida. Chegando nela, o carro vai se dirigir para o meu condomínio e fazer a curva para a minha casa. Eu o vejo chegar na minha garagem, agora, e parar. Então, eu pego a chave da minha casa, abro a porta e chego na minha sala. Olho pela bay window, cujo vidro transparente deixa entrever o meu pé de acerola, bem em frente a casa, enfeitando o jardim. Assim eu vou de encontro ao meu pé de acerola. Ele está perto de mim, ele me pertence, nesse momento. Meu marido está comigo e também participa da cena. A vida é muito boa, nesse instante. Nós vamos dormir, provavelmente transar, e no dia seguinte experimento o bem-estar de dar de encontro novamente com a bay window e o pé de acerola, completamente translúcido através do vidro transparente. Esta é a vida como pode ser: simples, muito simples, e perfeita. A perfeição é simples; ela está apenas em um pé de acerola, o meu pé de acerola. Eu não queria mais nada, apenas nunca mais me separar do meu pé de acerola e ter condições de mantê-lo na minha doce cidade. 

Meu marido tem condições de pagar por essa vida, mas não o faz. Seu coração é de pedra e não quer ver a minha dor ao sair de um cinema, na cidade do trabalho, que está a 1.600 km do meu pé de acerola. Ele prefere se desviar do meu olhar triste e dos meus olhos marejados. Ele prefere o meu salário. Eu nunca vou perdoá-lo por isso. Nunca! Nunca! Nunca! Eu só estou pedindo um pé de acerola. 

Deus, você pode me ajudar? Pai, você pode me dar o meu pé de acerola de volta? Pai, você está aí? Você pode me ouvir? Eu só queria o meu pé de acerola e a paz. Eu vou mesmo ter que esperar 08 anos por ele? Pai? Você pode me ouvir? Fala comigo, por favor! Por favor!

sábado, 18 de abril de 2015

O dia que mudou a minha vida

Se ainda não tive êxito em operar mudanças drásticas na minha vida, creio que hoje, dia 18 de abril de 2015, tive o combustível que estava faltando para isso. Aconteceu uma das piores coisas que poderiam acontecer, aquela que muito temia e que, no fundo, sabia que ia acontecer. Saí de minha amada cidade, meu paraíso, por causa de indiretas e humilhações que estava sofrendo por parte daquele que se diz meu companheiro, tudo porque eu não estava ganhando dinheiro naquele momento. Ano 2010/2011. Por que eu não estava ganhando dinheiro? Porque saí do Brasil para acompanhá-lo no exterior, devido ao trabalho dele. Para isso, pedi demissão da escola em que dava aula, uma escola renomada e com alto salário, na qual minha filha tinha uma bolsa de estudos integral pelo fato de eu ser a professora da escola. Então regressamos para o Brasil, após três anos e meio, e uma defesa de uma tese de doutorado e, claro, volto desempregada, após os 40 anos, e com dificuldade para me colocar novamente no mercado de trabalho. Gastamos dinheiro para reformar a casa em que morávamos. Então, comecei a ser humilhada. Dei o troco. Fiz um concurso público em uma cidade longínqua (foi o que apareceu), passei e vim embora. Foi fácil? De forma nenhuma. Comi o pão que o diabo amassou, sozinha, com um filha de 10 anos nas costas, enfrentando um trabalho novo, em uma universidade pública e toda a demanda que isso requer. Chorei, adoeci drasticamente, caindo em profunda depressão. O digníssimo alugou nossa casa em troca de dinheiro. Meu pai morreu, em 2013, minha mãe enlouqueceu um ano depois, em 2014. Teve um infarto, seguido de um AVC isquêmico e enlouqueceu. Essa situação foi tão dura, mas tão dura, eu sofri tanto, que faz mais de um ano que não posto nada por aqui. Eu nunca caí tanto como caí em 2014. 

Sinopse feita, - ainda vou falar muito de 2014 - hoje, exatamente hoje, meu marido, que continua na minha querida cidade, está nos visitando. Sim, ele nos visita. Os três anos e três meses que estou aqui, na cidade do trabalho, me envelheceram. Eu tenho sofrido muito. Hoje, na mesa do café da tarde, ele comenta uma foto que minha irmão postou no facebook. Minha irmã nunca trabalhou, vive do salário miserável do marido, que é bem mais velho que ela, mas é feliz. A empresa em que ele trabalhava, em São Paulo, foi transferida para outro estado e ela precisou fazer a mesma coisa que tive que fazer: pedir demissão do trabalho. Só que nunca mais trabalhou e isso faz anos. Mas ela é esperta, cuida muito dela e do filho: alimentação saudável, academia, e, sem o estresse que passo, conseguiu ficar bem jovem. Aos 44 anos não tem um fio de cabelo branco. Faz tratamentos de beleza no salão do bairro, tem um corpo perfeito e está muito bem, e eu feliz por ela. Ingenuamente, ela posta uma foto de biquini, no facebook, para mostrar que viajou e que estava feliz. O marido comenta a foto, dizendo que ela estava muito bem e que eu TENHO ENVELHECIDO MUITO, O ROSTO ESTÁ FEIO, VELHO, QUE NÃO ME CUIDO E QUE A DIFERENÇA ENTRE MIM E MINHA IRMÃ ERA GRANDE. EU PAREÇO BEM MAIS VELHA. Desgraçado! Desgraçado! Desgraçado! Desgraçado! Eu me acabei sim, vivendo aqui sozinha, passando horas escrevendo artigos, trabalhando como uma louca, tomando conta da filha, da casa, do dinheiro e tentando garantir a aposentadoria da família, pois como funcionária pública tenho direito a uma boa renda. Meu salário é bom. Eu também já havia notado o quanto envelheci e isto muito me entristecia. Eu sabia que esses últimos três anos acabaram comigo, me envelheceram em quase 10 anos. Eu já tinha me olhado no espelho. Eu estava tentando fazer alguma coisa, mas estava difícil. As atribuições que ele joga em cima de mim: ser linda: corpo perfeito, rosto sempre jovem, cabelo esvoaçante, pernas sem uma única veia, enfim o arquétipo da mulher linda fisicamente; ser intelegentérrima; ganhar muito dinheiro, ou seja, ter um salário alto e guardar todo ele para o futuro e mesmo assim conseguir ficar estonteante; ser a melhor mãe do mundo: fazer com que C. seja a melhor aluna da sala, tire as melhores notas, seja linda, sempre bem-arrumada e com a agenda cheia; manter a casa sempre impecável, ter uma ótima empregada e sim, claro, sou eu que devo pagar por ela, ter sempre comidas ótimas, saladas, sobremesas etc.; Ah! Comidas saudáveis. Ele acha que tenho que comer sopinha e salada à noite, porque não temos mais idade de jantar; nada de juntar vários carboidratos. E por aí vai. A lista de perfeição é enorme. 

Eu não quero envelhecer ao lado de um homem desses. Eu não mereço isso. Quando eu tiver 65 anos, se chegar lá, ele não vai nem olhar para mim. Eu não posso evitar o passar dos anos e o envelhecimento das células. Ninguém até hoje conseguiu, mas, na concepção dele, eu tenho que conseguir. 

Hoje eu estou retirando a aliança do dedo. Fiquei 13 anos com ela, sem tirar para nada. Antes dela, moramos 06 anos juntos. Ao todo, 19 anos. 

Eu peso 57 quilos, embora o tempo e a vida tenham judiado de mim, nesses últimos 03 anos, pareço ter bem menos que meus 46 anos, ganho muitíssimo bem, tenho um emprego público, portanto não o perco, moro em uma belíssima casa, cara, ao lado do meu trabalho, tenho bom carro, sou inteligente e por aí vai. Acho que vou encontrar um bom companheiro, não vou? Meu único mal é sofrer de depressão, mas tenho cuidado dela, desde que minha casa foi alugada. Acho que não é minha casa. Aquela era uma vida utópica, que não me pertencia. Como ele sempre fez questão de jogar na minha cara, de maneira indireta, não fui eu quem pagou por aquilo. Eu não tenho como pagar aquele paraíso. 

Que pena!