terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Suicídio

Há alguns dias que penso frequentemente em suicídio. Isso tudo podia terminar. Já são 45 anos de sofrimento, de tentativas de vida, de sobe-e-desce. Não consegui viver na cidade que me faz feliz e não sei se conseguirei mais. Tenho ainda 10 anos pela frente para poder me aposentar. Não há motivo para me levantar da cama. Abro os olhos e não quero abri-los, porque nada há de bom, apenas o trabalho que me espera, ou a droga do supermercado, a carne que precisa ser comprada, o detergente que acabou e assim por diante. Sendo assim, tento fechar os olhos novamente e o pior: eu consigo. Então, vou até as 10:00 / 11:00 horas. Hoje tinha um compromisso com um dentista às 14:00 h, mas como saí da cama às 11:09 h, quase perdi o compromisso. Estou com um problema sério em um dente e o povo daqui, incompetente, não sabe o que é. Vou tomar anti-inflamatórios até chegar em São Paulo para ir em quem confio: à minha dentista de 17 anos. 

É muito difícil morrer. As saídas são muito complicadas. Se jogar do 10º andar? Dar um tiro na cabeça? - até que não seria má ideia, assim o pesadelo da cabeça termina. Se enforcar? - talvez este seja fácil. Mas o que penso mesmo é tomar um monte de remédios num momento em que ninguém possa me encontrar pra me salvar. Pra morrer mesmo! Umas duas caixas de stilnox para dormir e não ver o que vai acontecer, mais umas trocentas caixas de lamotrigina, que tenho em mãos, mas outras coisas. Talvez veneno para ratos, junto com isso tudo. Não é possível que falhe. Esses são os pensamentos que tenho tido, 24 horas por dia. Acho que já fiz tudo o que tinha para fazer aqui. Para que abrir os olhos e só ter trabalho pela frente, a maioria deles devido à escrita dos malditos artigos para revistas científicas e qualis não sei o quê? 

Como eu não consigo me equilibrar, haverá um momento de baixa terrível, como esse, em que isso fatalmente vai acontecer; é apenas uma questão de tempo. 

Ah!!! Tem uma coisa que me acalma, como canção de ninar. Já pedi para ser enterrada na cidade dos meus sonhos, aquela já comentada aqui, cujo nome não posso revelar. Indo para lá, finalmente nunca mais preciso deixá-la. Então estarei em paz. Aliás, sinto uma paz profunda, do tamanho do universo, ao pensar nisso: em estar misturada à terra onde sempre quis viver e na qual vivi por 12 anos, que foram de pura felicidade. Mas felicidade não pode perdurar, não é mesmo? Alguns conseguem. Quanto a mim, não posso lá viver, pois lá não pago minhas contas. É o preço pela vida, que não é gratuita, repito. 

Findar com esta existência de depressão vai ser uma questão de tempo. Não consigo mais atravessar essas crises. E há a paz que me invade totalmente ao me imaginar misturada à terra dos meus sonhos. Sendo assim, ninguém precisa chorar por mim. Eu estarei bem em em paz. 

Aurora 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Depressão profunda

Continuo vivendo em depressão profunda. Minha psiquiatra aumentou a lamotrigina de 100 para 125 mg. Dessa vez ela não conseguiu captar o meu sofrimento. Estou vivendo uma intensa crise de ansiedade. Talvez devesse tomar medicamentos para a ansiedade ou depressão, diretamente. Parece que a lamotrigina não faz mais efeito. Não consigo sair da inércia. Não encontro forças para reagir. Estou muito preocupada, pois tenho conseguido dar um jeito nas coisas até hoje, mas nesse momento não encontro forças para nada. Não sei como estou levantando da cama e ainda encarando aulas na universidade. Eu disfarço minha dor o tempo todo. 

Minha terapeuta está tentando descobrir como eu ainda levanto da cama, pois não era para eu estar de pé, depois de tudo o que passei nessa vida. Que força é essa? De onde vem? - Ela se pergunta. Eu descobri que levanto da cama, porque tenho medo da pobreza. Tenho medo de ter que juntar moedinhas novamente para comprar um sabonete, tenho medo de ficar desamparada, tenho medo de hospitais públicos, tenho medo de não ter nada na velhice. E, principalmente, tenho medo de não ter um emprego. Não que eu goste deles. Já escrevi aqui que trabalhar fora, a pressão de certos empregos (e todos que encarei tem uma pressão medonha) são os responsáveis pela minha depressão, diretamente. Mas tenho medo de não poder pagar para viver aqui, na Terra. A vida não é gratuita. Discordo de quem diz que Deus nos presenteou com a vida, que ela é uma dádiva. Desculpem, mas não acho. Não é dádiva coisa nenhuma, pois temos que pagar um preço altíssimo por ela. Temos que trabalhar para ganhar o dinheiro para poder pagar por ela. Sem pagar por ela não se tem vida. Essa é uma mágoa profunda que tenho com Deus. Ele não sofre, não é humano. Jesus Cristo já ressuscitou e não sofre mais. Esteve aqui por 33 anos e parou de sofrer. E nós continuamos aqui, sofrendo, eternamente, enquanto vivermos, e pior: tendo que trabalhar para ganhar a vida. Eu queria simplesmente viver. Não posso, não tenho dinheiro.  

Além de tudo, ainda tenho que viver com depressão. Já pedi a Deus para acabar com isso, me levando daqui, dessa vida insuportável, mas Ele não fará isso. Eu vou continuar aqui, vivendo com depressão, até quase 100 anos de idade. Essa é a única certeza que tenho: que vou viver muitos e muitos anos. Então, tenho que tentar me aposentar, para pagar esses intermináveis anos que ainda me restam. Tenho medo de não ter nada. Tenho medo de ter que juntar moedas para comprar um sabonete, novamente. Por isso, ainda me levanto da cama, por isso ainda tento. Mas não estou conseguindo mais tentar. 

Aurora