domingo, 8 de setembro de 2013

Escrevi em meu Penzu o seguinte:

Eu voltei para casa, em (...), depois da escrita da última carta, neste espaço. Passei por (...), para um Congresso e lá (...), (...) e eu vivemos dias muito bons, apesar do Congresso e da apresentação. Na verdade, não havia muita gente conhecida por lá e por isso foi bom. No resto do tempo, aproveitamos (a cidade). Quando se está em férias, tem-se a melhor vida do mundo. Não há a horrenda preocupação com o trabalho, que suga toda o fôlego de vida que temos.
Eu voltei para casa e tentei prosseguir. Eu tento, e tento, e tento... E vou tentando, muitas vezes contra a minha vontade. Se tivesse jeito, creio que eu já teria me desligado há muito tempo.
Eu chorei com a última carta que enderecei a Deus. Ali está a minha alma e não há nenhuma falsidade naquelas palavras. Nesse carta de janeiro de 2013, senti a profunda dor da minha alma naquele momento, e sempre, porque nunca a deixo de sentir, sendo às vezes mais intesamente, às vezes menos. Ali ela estava no ápice.
Eu tentei prosseguir e tive um golpe medonho na vida no (mês de maio) de 2013. Meu pai morreu. Meu adorado pai. Eu pedi ao Senhor encarecidamente que nos desse uma chance de estar novamente com ele, pois ele ainda era muito jovem e não pareceia que era a hora dele. Sempre vai ficar a impressão de que meu pai se foi fora de hora, não sei por quê. A história de sua morte foi imbuída de vários outros fatores, dentre eles a minha mãe, que, na minha acepção, teve grande responsabilidade pelo ocorrido, pois não avisou a ninguém que ele estava doente. Quando finalmente o fez, ele estava a beira da morte e não deu mais tempo de salvá-lo.
Foram 12 dias de UTI, 12 dias de pesadelo até culminar em sua morte. Eu pude vê-lo, em São Paulo, nos momentos finais de vida, basicamente três horas antes, e me deparei com tubos interligados a seu corpo por todos os lados. Ele estava entubado.
Em seguida, voltei para casa, para tentar continuar. Tentar, tentar, tentar, sem poder nos desligar, sem essa chance.  Confesso que pirei, ao chegar, pois não conseguia tirar a culpa de minha mãe nessa morte. Sua hipocondria e doença mental havia feito uma vítima. Nunca, mas nunca mesmo, pensei que a história dela iria tão longe como foi. Eu não pude fazer nada e Deus não nos ouviu. Eu segurei no manto de Jesus pedindo misericórdia, mais uma chance de ficar mais um pouco com ele e para resolvermos algumas coisa práticas que ficaram pendentes, como a reforma da casa deles, para tirar aquela umidade das paredes de seu quarto, mas não fui atendida. Ele se foi e nós não tivemos nenhuma chance, nenhuma misericórdia.  Nada! Somente sua morte.
Eu precisava continuar. E continuar, e continuar, e continuar. Aí, num determinado momento eu consegui continuar. De alguma maneira, fui acometida de uma força e comecei a fazer a coisa que funciona para mim: comecei a correr com a vida, a fazer mil coisas, a não dar tempo nenhum para mim, para pensar em nada. Quando eu estou correndo, não estou pensando em minha vida. Portanto, eu preciso correr. Não fico mais em casa, tomei algumas providências, como ficar na Universidade o máximo de tempo que der. Vou pra lá e pra cá, arrumo compromissos, só para não ter tempo. Assim vivi creio que uns dois meses de estabilidade. Foi bom. Acho que esse é o caminho para mim. Veja que vida!!! Não posso ter tempo ocioso, senão a depressão me pega. 
Entrei em recesso de duas semana e na segunda, caí um pouco, mesmo medicada. Amanhã retorno e preciso recomeçar a correr. Eu não posso pensar; eu não posso pensar na vida que tenho. Ainda não. Poderei algum dia? 

Aurora