sábado, 9 de março de 2013

Estabilidade passageira? Quisera não fosse!

Pois é. Depois de 10 dias de inferno sexual, de uma vontade ensandecida de transar 24 horas por dia, depois de várias trepadas virtuais com o marido distante, finalmente consegui um pouco de paz. Mas isso ocorreu apenas de segunda para terça-feira. 

Disso tudo pelo qual passei, algo de bom pelo menos permaneceu: descobri a possibilidade de fazer sexo pelo skype. Uma das grandes dificuldades de estar aqui, tão longe de meu marido, é sem dúvida  nenhuma a falta de sexo. Eu sabia, antes de vir para cá trabalhar no meu grande sonho, que essa parte seria muito difícil, quicá quase impossível. O que ajuda é estar realizando um sonho de vida, um sonho que persigo desde que me entendo por gente. E como gente já tenho 44 anos. Portanto, eu e ele descobrimos uma grande possibilidade de afagar e minimizar essa grande falta: ir para o quarto, ligar o computador e começar a fazer tudo o que temos vontade. Quando digo tudo é tudo mesmo: mostrar tudo diante da câmera, em todas as posições possíveis, com todos os brinquedos possíveis. Escrever coisas fantásticas e obscenas no chat do skype (não podemos conversar por causa da filha de 11 anos que dorme no quarto ao lado). O fato de só escrever apimenta mais ainda a coisa. Já é sabido, pelas pesquisas de psicólogos e linguistas, que a pessoa do outro lado da tela fica totalmente desinibida nos chats da vida, justamente por ser anônima e não mostrar o rosto. Eu sei quem está do outro lado, mas a desinibição ocorre do mesmo jeito. 

Desse frenesi todo, brotou uma coisa boa. Acho que daqui pra frente vamos sempre fazer sexo virtual. Essa prática vai nos ajudar a ameninazar a vida dura que estamos tendo longe um do outro. 

Procurei minha psiquiatra, mas tínhamos tanto para conversar que mal conseguimos tratar o assunto. Deixei para falar do surto no final da consulta e nosso horário sempre se esgota tão rapidamente como as corredeiras de um rio caudaloso. Retorno dia 08 de abril e voltarei a esse assunto. Preciso. Afinal, o que aconteceu comigo? Que merda foi aquela? De qualquer forma, ela aumentou a lamotrigina de 75 mg para 100 mg. Disse que já estava pensando em fazer isso. 

Bom, fui retornando ao normal, aos poucos. Que bom voltar!!! Que alívio! O marido continua louco. Ontem pediu mais uma sessão virtual. Eu que estava com medo daquela sensação nunca mais voltar, consegui me excitar e ir para o quarto com o computador. Mas, agora, de maneira saudável e não enebriada e louca. 

Quero terminar com uma imagem dele que me fez chorar por mais de meia hora, ontem. Morávamos em um lindo condomínio fechado com 32 casas. Por ser condomínio, as casas não têm grade e cada morador fez seu próprio jardim. Um pedaço do paraíso. Então, senti a sensação de quando ele chegava em casa, do trabalho. Nunca era ceso, pois o trabalho era muito. Senti a sensação gostosa de quando o farol do carro dele iluminava nossa sala, quando ele entrava na garagem. Com isso, eu sabia que finalmente ele havia chegado em casa e nós podíamos curtir sua companhia. Nós dormiríamos juntos. 

A luz do carro dele invadindo nossa sala, ao entrar na garagem, e a sensação maravilhosa de saber que ele estava chegando inundou a minha alma. Eu chorei. Chorei muito. O carro dele não mais chega e mesmo que chegasse seria numa garagem de apartamento. Mas a minha casa continua lá e lá ficará.

Como veem, estou estabilizada, coisa rara de acontecer. Hoje, sábado, passei um bom dia. Pena que essa sensação, que essa estabilidade, dura tão pouco tempo. Às vezes apenas um dia. Tenho medo dos próximos, da depressão que sei, há de vir; das tristezas infinitas que sei, vou sentir, em razão da minha doença. 

Aurora