terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Suicídio

Há alguns dias que penso frequentemente em suicídio. Isso tudo podia terminar. Já são 45 anos de sofrimento, de tentativas de vida, de sobe-e-desce. Não consegui viver na cidade que me faz feliz e não sei se conseguirei mais. Tenho ainda 10 anos pela frente para poder me aposentar. Não há motivo para me levantar da cama. Abro os olhos e não quero abri-los, porque nada há de bom, apenas o trabalho que me espera, ou a droga do supermercado, a carne que precisa ser comprada, o detergente que acabou e assim por diante. Sendo assim, tento fechar os olhos novamente e o pior: eu consigo. Então, vou até as 10:00 / 11:00 horas. Hoje tinha um compromisso com um dentista às 14:00 h, mas como saí da cama às 11:09 h, quase perdi o compromisso. Estou com um problema sério em um dente e o povo daqui, incompetente, não sabe o que é. Vou tomar anti-inflamatórios até chegar em São Paulo para ir em quem confio: à minha dentista de 17 anos. 

É muito difícil morrer. As saídas são muito complicadas. Se jogar do 10º andar? Dar um tiro na cabeça? - até que não seria má ideia, assim o pesadelo da cabeça termina. Se enforcar? - talvez este seja fácil. Mas o que penso mesmo é tomar um monte de remédios num momento em que ninguém possa me encontrar pra me salvar. Pra morrer mesmo! Umas duas caixas de stilnox para dormir e não ver o que vai acontecer, mais umas trocentas caixas de lamotrigina, que tenho em mãos, mas outras coisas. Talvez veneno para ratos, junto com isso tudo. Não é possível que falhe. Esses são os pensamentos que tenho tido, 24 horas por dia. Acho que já fiz tudo o que tinha para fazer aqui. Para que abrir os olhos e só ter trabalho pela frente, a maioria deles devido à escrita dos malditos artigos para revistas científicas e qualis não sei o quê? 

Como eu não consigo me equilibrar, haverá um momento de baixa terrível, como esse, em que isso fatalmente vai acontecer; é apenas uma questão de tempo. 

Ah!!! Tem uma coisa que me acalma, como canção de ninar. Já pedi para ser enterrada na cidade dos meus sonhos, aquela já comentada aqui, cujo nome não posso revelar. Indo para lá, finalmente nunca mais preciso deixá-la. Então estarei em paz. Aliás, sinto uma paz profunda, do tamanho do universo, ao pensar nisso: em estar misturada à terra onde sempre quis viver e na qual vivi por 12 anos, que foram de pura felicidade. Mas felicidade não pode perdurar, não é mesmo? Alguns conseguem. Quanto a mim, não posso lá viver, pois lá não pago minhas contas. É o preço pela vida, que não é gratuita, repito. 

Findar com esta existência de depressão vai ser uma questão de tempo. Não consigo mais atravessar essas crises. E há a paz que me invade totalmente ao me imaginar misturada à terra dos meus sonhos. Sendo assim, ninguém precisa chorar por mim. Eu estarei bem em em paz. 

Aurora 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Depressão profunda

Continuo vivendo em depressão profunda. Minha psiquiatra aumentou a lamotrigina de 100 para 125 mg. Dessa vez ela não conseguiu captar o meu sofrimento. Estou vivendo uma intensa crise de ansiedade. Talvez devesse tomar medicamentos para a ansiedade ou depressão, diretamente. Parece que a lamotrigina não faz mais efeito. Não consigo sair da inércia. Não encontro forças para reagir. Estou muito preocupada, pois tenho conseguido dar um jeito nas coisas até hoje, mas nesse momento não encontro forças para nada. Não sei como estou levantando da cama e ainda encarando aulas na universidade. Eu disfarço minha dor o tempo todo. 

Minha terapeuta está tentando descobrir como eu ainda levanto da cama, pois não era para eu estar de pé, depois de tudo o que passei nessa vida. Que força é essa? De onde vem? - Ela se pergunta. Eu descobri que levanto da cama, porque tenho medo da pobreza. Tenho medo de ter que juntar moedinhas novamente para comprar um sabonete, tenho medo de ficar desamparada, tenho medo de hospitais públicos, tenho medo de não ter nada na velhice. E, principalmente, tenho medo de não ter um emprego. Não que eu goste deles. Já escrevi aqui que trabalhar fora, a pressão de certos empregos (e todos que encarei tem uma pressão medonha) são os responsáveis pela minha depressão, diretamente. Mas tenho medo de não poder pagar para viver aqui, na Terra. A vida não é gratuita. Discordo de quem diz que Deus nos presenteou com a vida, que ela é uma dádiva. Desculpem, mas não acho. Não é dádiva coisa nenhuma, pois temos que pagar um preço altíssimo por ela. Temos que trabalhar para ganhar o dinheiro para poder pagar por ela. Sem pagar por ela não se tem vida. Essa é uma mágoa profunda que tenho com Deus. Ele não sofre, não é humano. Jesus Cristo já ressuscitou e não sofre mais. Esteve aqui por 33 anos e parou de sofrer. E nós continuamos aqui, sofrendo, eternamente, enquanto vivermos, e pior: tendo que trabalhar para ganhar a vida. Eu queria simplesmente viver. Não posso, não tenho dinheiro.  

Além de tudo, ainda tenho que viver com depressão. Já pedi a Deus para acabar com isso, me levando daqui, dessa vida insuportável, mas Ele não fará isso. Eu vou continuar aqui, vivendo com depressão, até quase 100 anos de idade. Essa é a única certeza que tenho: que vou viver muitos e muitos anos. Então, tenho que tentar me aposentar, para pagar esses intermináveis anos que ainda me restam. Tenho medo de não ter nada. Tenho medo de ter que juntar moedas para comprar um sabonete, novamente. Por isso, ainda me levanto da cama, por isso ainda tento. Mas não estou conseguindo mais tentar. 

Aurora

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Leve-me daqui, senhor

Jesus Cristo e seu amado Pai,

leve-me da Terra. Tire-me do sofrimento que me atormenta. Eu não consigo viver. Estou tentando há 45 anos e não tive mais do que flashes de felicidade, porque minha alma é assim. Estou exausta e por isso peço que me leve daqui.

Mas me leve de forma amena, pelo menos isso. Que tal não mais acordar de uma determinada noite? Não traga mais tragédia para minha vida, pois minha alma já é uma tragédia e a carrego todos esses anos. O fardo agora está insuportável.

Chega, senhor. Me leve daqui, eu suplico!

Aurora

sábado, 26 de outubro de 2013

Dia da virada

 

Alguma coisa aconteceu dentro de mim hoje, neste sábado, 26 de outubro de 2013. As carinhas acima ilustram o turbilhão de sentimentos, dos quais prevalece a raiva, a gana, o ódio. Alguma coisa vai mudar a partir de hoje,disso eu tenho certeza. 

Estou em sentindo uma inútil, uma incapaz de mudar coisas simples como dormir até 08 horas por dia. Eu sei que isso fará toda a diferenças na minha vida. É esse simples acontecimento que está faltando para eu me sentir bem com minha própria vida. Eu não diria feliz, porque sei o que seria  felicidade plena pra mim e, no momento, pior ainda, somente daqui há 10 anos poderei alcançá-la plenamente. Até lá, é dormir no máximo 08 horas por dia para poder dar conta da vida de trabalho. Os seres humanos  são somente trabalho. Eu não sou contra o trabalho, mas contra esse trabalho imposto a todos nós para ganhar o pão de cada dia. Se você não tem salário, não paga suas contas, não mora, não fala, na anda, não viaja, não tem internet, não tem nada. Aí, sabe o que vira? Mendigo no meio da rua: sujo, maltrapilho, faminto. Mendigo.

De hoje em diante, eu vou iniciar uma corrida na mesma direção do trabalho. Não é isso que temos que fazer? Trabalhar, trabalhar, trabalhar... aí, quando a gente finalmente pode parar um pouco, morre. Vida de merda!!! Mas, como eu sei que vou ficar aqui nesta terra até não aguentar mais, até bem mais dos 90 anos, vamos trabalhar para tentar dar um pouco de dignidade a esse tempo todo que terei que cumprir. Estou tentando ao menos ter uma aposentadoria que, se nenhuma lei mudar, terei direito daqui há exatos 10 anos. Vamos aos 10 anos, então!!! Trabalhando, trabalhando e trabalhando. 

DEUS. Amo o nosso criador de todo o meu coração, mas eu não o entendo, por mais força que eu possa fazer para isso. Vivi os últimos 06 meses, aproximadamente, tentando me aproximar dele, tentando encontrar uma religião que pudesse seguir e tentar levar uma vida mais simples. Mas Deus permite que haja essa confusão de religiões, com cada qual se achando a única que vai ser salva por ele; todos os demais serão acabados: para alguns, os demais serão destruídos; para outros, os demais serão condenados ao fogo do inferno eterno!!! Gente, já pensou? Além de viver nessa terra amaldiçoada (sim, porque depois que Eva comeu aquele maldito fruto toda a raça humana e o nosso planeta foram amaldiçoados pelo Altíssimo). Como é mesmo aquele versículo? É um troço mais ou menos assim: tirarás o sustento da terra com o suor do teu rosto! Quer maldição maior do que essa? 

Infelizmente, Deus, eu desistir de tentar encontrar um povo que não se ache os únicos que serão salvos e o resto da humanidade toda destruída por não fazer parte desse povo. Eu não aguento isso e toda vez que tento me achegar ao Senhor, me deparo com essa situação. Uns serão salvos porque são os únicos que guardam o sábado, outros porque só eles interpretam aquela passagem bíblica adequadamente. O Senhor predisse que haveria tal confusão. Por que Senhor? Por que fazes isso com seus filhos? Por que os deixa ficar em tamanha confusão e agonia o tempo todo, até quando seus filhos querem te adorar? Me desculpe, Senhor, mas minha parte humana não consegue te entender. Eu desisti, Senhor. Eu estou desistindo agora. Não existe esse provo.  

Aurora

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Só sinto bem-estar quando a semana termina

Acabei de reler o que escrevi da última vez. E olhe que nem ia tocar nesse assunto, mas é inevitável. Eu comentei ali que vivi no auge da uniformidade por um pequeno tempo. Creio que foram quase dois meses. Um dos melhores que já vivi até hoje. Mas ele acabou. Eu tentei fazer de tudo para não acabar, mas acabou. 

Já no final da minha escrita, comento que estava começando a cair. E continuei caindo, caindo, caindo. Nessa última quinta, dia 17 de outubro, cheguei no fundo do poço. Um dente com problemas causados por imperícia de profissional aqui da cidade, mais uma demanda de trabalho que não achei que daria conta me jogaram na cama. Dormir por 12 horas seguidas e queria que o mundo acabasse. O marido chegou naquela noite, eu havia errado a data de sua chegada, achando que seria no dia seguinte. Veja minha desordenação! 

Vivo e sobe-e-desce. Estou em tratamento, e agora com psicóloga também. Terapia cognitiva. Vamos ver no que vai dar. 

Abri o computador hoje para escrever que às quintas-feiras à noite têm sido o melhor momento da minha vida. Termino a semana de trabalho às quintas, neste semestre. Não aguento mais tanta demanda. Novamente, é o trabalho que me faz infeliz. É o trabalho que sempre me fez infeliz. E eu busquei essa função a vida inteira. Agora não sei o que fazer com ela. Preciso dar um jeito. 

Bom, deixe-me curtir a minha quinta-feira. Vou assistir agora á Sessão de Terapia, série que estou acompanhando. Estou em paz, estou plena. Amanhã só faço coisas boas, coisas que quero fazer: tenho que ir ao Pilates, à terapia, não preciso correr para levar Camila para a escola, tenho minha terapia, vou às reuniões bíblicas, volto para casa e ainda continuo com o gostinho da quinta-feira. 

No domingo à noite recomeça o inferno. Aulas e aulas, correria, leituras de inúmeras artigos, gente querendo te empurrar mais trabalho e eu correndo delas. Bom, não existe isso agora, estou vivendo a doce noite de quinta-feira. Sessão de terapia começou. 

Sou bipolar? 

Aurora

domingo, 8 de setembro de 2013

Escrevi em meu Penzu o seguinte:

Eu voltei para casa, em (...), depois da escrita da última carta, neste espaço. Passei por (...), para um Congresso e lá (...), (...) e eu vivemos dias muito bons, apesar do Congresso e da apresentação. Na verdade, não havia muita gente conhecida por lá e por isso foi bom. No resto do tempo, aproveitamos (a cidade). Quando se está em férias, tem-se a melhor vida do mundo. Não há a horrenda preocupação com o trabalho, que suga toda o fôlego de vida que temos.
Eu voltei para casa e tentei prosseguir. Eu tento, e tento, e tento... E vou tentando, muitas vezes contra a minha vontade. Se tivesse jeito, creio que eu já teria me desligado há muito tempo.
Eu chorei com a última carta que enderecei a Deus. Ali está a minha alma e não há nenhuma falsidade naquelas palavras. Nesse carta de janeiro de 2013, senti a profunda dor da minha alma naquele momento, e sempre, porque nunca a deixo de sentir, sendo às vezes mais intesamente, às vezes menos. Ali ela estava no ápice.
Eu tentei prosseguir e tive um golpe medonho na vida no (mês de maio) de 2013. Meu pai morreu. Meu adorado pai. Eu pedi ao Senhor encarecidamente que nos desse uma chance de estar novamente com ele, pois ele ainda era muito jovem e não pareceia que era a hora dele. Sempre vai ficar a impressão de que meu pai se foi fora de hora, não sei por quê. A história de sua morte foi imbuída de vários outros fatores, dentre eles a minha mãe, que, na minha acepção, teve grande responsabilidade pelo ocorrido, pois não avisou a ninguém que ele estava doente. Quando finalmente o fez, ele estava a beira da morte e não deu mais tempo de salvá-lo.
Foram 12 dias de UTI, 12 dias de pesadelo até culminar em sua morte. Eu pude vê-lo, em São Paulo, nos momentos finais de vida, basicamente três horas antes, e me deparei com tubos interligados a seu corpo por todos os lados. Ele estava entubado.
Em seguida, voltei para casa, para tentar continuar. Tentar, tentar, tentar, sem poder nos desligar, sem essa chance.  Confesso que pirei, ao chegar, pois não conseguia tirar a culpa de minha mãe nessa morte. Sua hipocondria e doença mental havia feito uma vítima. Nunca, mas nunca mesmo, pensei que a história dela iria tão longe como foi. Eu não pude fazer nada e Deus não nos ouviu. Eu segurei no manto de Jesus pedindo misericórdia, mais uma chance de ficar mais um pouco com ele e para resolvermos algumas coisa práticas que ficaram pendentes, como a reforma da casa deles, para tirar aquela umidade das paredes de seu quarto, mas não fui atendida. Ele se foi e nós não tivemos nenhuma chance, nenhuma misericórdia.  Nada! Somente sua morte.
Eu precisava continuar. E continuar, e continuar, e continuar. Aí, num determinado momento eu consegui continuar. De alguma maneira, fui acometida de uma força e comecei a fazer a coisa que funciona para mim: comecei a correr com a vida, a fazer mil coisas, a não dar tempo nenhum para mim, para pensar em nada. Quando eu estou correndo, não estou pensando em minha vida. Portanto, eu preciso correr. Não fico mais em casa, tomei algumas providências, como ficar na Universidade o máximo de tempo que der. Vou pra lá e pra cá, arrumo compromissos, só para não ter tempo. Assim vivi creio que uns dois meses de estabilidade. Foi bom. Acho que esse é o caminho para mim. Veja que vida!!! Não posso ter tempo ocioso, senão a depressão me pega. 
Entrei em recesso de duas semana e na segunda, caí um pouco, mesmo medicada. Amanhã retorno e preciso recomeçar a correr. Eu não posso pensar; eu não posso pensar na vida que tenho. Ainda não. Poderei algum dia? 

Aurora 

domingo, 7 de julho de 2013

Que apatia!!!

Não consigo me mover. Estou atravessando uma crise terrível de apatia, de vontade nenhuma, de falta de vida. Eu queria me dissipar no ar como uma nuvem de fumaça. Está difícil de reagir.

Aurora

sábado, 25 de maio de 2013

A dor

Estou paralisada, perplexa. Em 11 dias de UTI, meu pai morreu. Meu pai! Meu adorado pai. Ele se foi. Eu não consigo acreditar nisso. A dor é imensa, insuportável. Uma pneumonia atípica levou-o a ter um infarto. A combinação dos dois problemas foi fatal. Ele não resistiu e morreu. Sinto-me órfã! Sinto-me oca. Eu pedi a Deus encarecidamente que nos desse uma segunda chance para ficar um pouco mais com nosso pai. Ele havia acabado de completar 70 anos. Uma criança, ainda. Deus não ouviu, tampouco se incomodou. Simplesmente o levou, o apagou. Acredito na existência de um Deus supremo, mas não o compreendo. Não posso lidar com Ele. Ontem, 24 de maio, eu desisti Dele. Estou cansada e cheguei a conclusão de que é impossível viver de acordo com Sua vontade. Eu, particularmente, não consigo. Nada se pode fazer, tudo é pecado. Tudo. Até pensar. É melhor não existir. Pelo Seu código de vida, assinei a minha morte. Não quero pensar nem na minha morte, nem no inferno. Que coisa macabra! Viver pensando no tal inferno, nesse horror, nesse lago de fogo e enxofre. Que Deus é esse? É amor? Definitivamente, nesse quesito não. 

Meu pai se foi. Quando lembro, não consigo acreditar. Não, eu não acredito. A vida nunca mais será a mesma. 

Ficou aquela me pariu. Também só fez isso. Se pudesse ter escolhido, jamais teria nascido de uma mulher daquelas. Nunca! Ela teria vivido na China e eu, no Brasil. A mulher mais limitada, mais reclamona, mais pessimista, mais louca, que já conheci até hoje. Eu nunca vi em seus olhos um momento de carinho. Ela reclamou de cada chão que teve que limpar, de cada almoço e janta que teve que fazer, de cada tanque de roupa que teve que lavar (esse item foi um dos mais desastrosos); ela "fazia a caveira dos filhos", principalmente a minha, para o pai que tinha acabado de chegar do trabalho, cansado. Ele se irritava, algumas vezes me bateu. Não tenho um pingo de mágoa, porque ele não foi o autor intelectual daquilo. Ela falava dia e noite no ouvido dele. Ele viveu uma vida de merda ao lado dessa mulher. Nós, filhos, vivemos uma vida de merda ao lado dessa mulher. A vida inteirinha, inteirinha, a única coisa que saiu da boca dela foi reclamação e doença. Meu pai perambulou a vida inteirinha dele pelos médicos. Um horror! No final da vida, ele pediu socorro a algumas pessoas, disse que não aguentava mais. Era tarde. Não saiu da UTI. Esse novelo é imenso, e não vale a pena desfiá-lo. Pra quê? Que pena!

Ele se foi no dia 09 de maio. Antes, 11 dias de inferno. Eu estou paralisada desde então. Não faço nada, trabalho obrigada e só abro os olhos às 11:00 horas do dia, obrigada.O sonho do acordar cedo? Está mais longe do que nunca. Estou num sábado e agora à noite bateu uma vontade de mudar tudo. Estou com vontade de estudar budismo ou coisa assim. Eu não tenho nada a ver com a guerra entre Deus e Satanás. Essa guerra é deles. Não tenho nada a ver com o que fez Adão e Eva. Não tenho nada a ver com o fato de Deus ter posto no Jardim do Éden uma árvore do mal. Por que Ele a pôs lá, se sua criação era perfeita? O que eu tenho a ver com isso? Não pedi para nascer, tampouco nascer de uma mulher daquelas e ter a vida triste de médico e reclamações que tivemos. Tanto quanto a morte de meu pai, está doendo o fato de constatar a merda que foi. 

Deus? 

Consegui uma coisa: mudei a posição de dormir. Antes, de cara no travesseiro, o que estava fazendo meu rosto ficar todo amassado. Agora, de costas. Ainda vou acertar meu sono. Ainda vou. 

Estou devastada. 

Aurora 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Entendi a irritação

Esse texto é para registrar o que já me ocorreu várias vezes, mas que a mente descartou. Passei os últimos quatro dias irritada. Motivo: nessa semana volto para a sala de aula. Universidade pública é assim: greves e calendários malucos em razão dela. O segundo semestre de 2013 começa essa semana. Eu estava escrevendo o tal artigo, quieta em casa, pensando, tentando parir aquilo. E para parir um negócio desses, o professor precisa ter tempo, pois escrever não é nada fácil, ainda mais o texto acadêmico. Então, o professor acaba ocupando o lugar do pesquisador, aquele que tem a obrigação de publicar o resultado de sua pesquisa. Ah! Os órgãos de fomento estão mais interessados nisso do que na sala de aula. Dane-se a sala de aula e o trabalho maravilhoso que você tenta fazer lá. Isso não conta nada. O que conta são os artigos que você tem publicado nas tais revistas qualis A. B só se for até 2. Os alunos? O que são os alunos? Eles não fazem crescer o tal currículo lattes. Fazer um trabalho honesto e frutífero em sala de aula, ajudar mesmo os alunos a crescerem de nada conta. E isso dá trabalho ao professor. Isso tira o tempo do professor publicar. Publicar! Publicar! Publicar! Publicar! - a palavra de ordem. Estou muito decepcionada com isso. Fiz um trabalho excelente em sala de aula, no semestre passado, mas não publiquei. Sou mal vista. Disseram mesmo com todas as letras que o que estou fazendo é perda de tempo, de nada adianta - essas foram as palavras. 

Então, ter que voltar para isso me irritou. Também, porque o ser humano não tem o direito de viver, simplesmente. Temos que pagar a conta por estarmos aqui na Terra. Exceto alguns privilegiados, a maioria tem que pagar para viver, senão você morre de fome. Não estamos aqui de graça. Não mesmo! Eu queria viver, fazer o que tenho vontade de fazer durante o dia. Mas tenho que pagar a minha conta, então preciso publicar. 

Estou irritada porque tenho que pagar essa conta da vida. Muito irritada! Desculpem-me, eu tinha que desabafar. 

Preciso ir. Minha filha me aguarda na saída da escola. Sim, porque tem toda a sua vida pessoal no meio disso tudo. Publicar? Tem-se que parar o tempo todo de escrever. O artigo? Martelando na cabeça, sem tempo. 

Aurora 

domingo, 7 de abril de 2013

Sobe e desce; positivo e negativo; yin yang

A subida 
Eu devia ter escrito aqui antes. Arrependo-me, pois teria descrito um tempo fantástico de equilíbrio, o tão sonhado equilíbrio. O período foi tão bom que não tive tempo de parar, pois estava envolvida com as benesis maravilhosas que tive dele. Se tivesse escrito, teria sido mais ou menos assim: 

Eu tive uma consulta com minha psiquiatra por volta de 06 de março. Dentre os pontos a serem conversados estaria, sem dúvida, o surto sexual que me acometeu. A consulta dela dura realmente uma hora e tínhamos tanto para falar que esse assunto foi tratado apenas no final. Conclusão: não tivemos tempo suficiente para ele. Mas algumas conversas mantidas ali me sacudiram. Comentei sobre minha mãe e de como ela está completamente doente aos 70 anos de idade. Quando a vejo, assusto-me, pois seus olhos reviram-se pra lá e pra cá, demonstrando toda a sua loucura. É assustador!Nunca quis ser como ela; aliás, tinha pavor. Lutei para não ser, pois sei que no fundo temos a mesma doença destruidora de vida e de cérebro. A dra me pediu para pesquisar dois temas: resiliência e neuroplasticidade. Entendi o que ela quis me passar: nosso cérebro tem capacidade para projetar outras caminhos. Sempre fiz isso. Ela disse também para eu procurar uma psicóloga e me deu o pedido de encaminhamento. Quando tratamos do assunto sexo, ela não viu nada de mais e pediu para eu tirar a fonte do problema, ou seja, os vídeos sobre sexo. Voltarei a esse assunto amanhã, 09/04, dia do retorno. Tenho certeza de que esse surto foi um episódio de mania e temos que debater o assunto. 

Voltei para casa me sentindo péssima. Percebi que eu estava reclamando muito e nada fazendo para me ajudar. Dar conta disso me fez chorar na sala de consulta. Eu tinha que fazer alguma coisa, pois continuava sem vontade de viver e nada me apetecia. E o trabalho exigindo de mim em demasia. Até hoje, não consegui escrever nenhum artigo que não fosse para os anais dos congressos a que fui, obrigada. Também não li nada novo da minha área: nenhum artigo, livro nem se fala. E essa falta vai me corroendo, acabando comigo. Esse é um grande problema da minha vida: quando não consigo realizar algum compromisso, fico arrasada e entro em depressão. 

Mas, de certa forma, aquele surto maravilhoso me tirou do estado de torpor. Eu ressuscitei com aqueles vídeos de sexo. Voltei para casa disposta a agir. Comecei a mandar fluidos positivos para meu cérebro, fiz a pesquisa que ela me pediu para fazer e passei a ser feliz. No entanto, há um detalhe importante que estava esquecendo: a dra. aumentou a lamotrigina de 75 para 100 mg. Isso fez uma diferença enorme. Munida desse arsenal a mais, fui à luta, mas com o organismo em maior equilíbrio. As maravilhas: não perdi uma única aula de natação da minha filha, comecei a fazer pilates na mesma academia, mesmo horário da aula dela, o que fez uma diferença tremenda em minha vida. Segundo a professora - e eu acredito - se eu não iniciasse algum exercício físico, não andaria mais em breve. Eu estava totalmente travada, acabada, com torcilocos por todo o corpo, um horror. O pilates foi me trazendo de volta a vida e à disposição. Nunca pratiquei um exercício tão maravilhoso! Recomendo a todos. O marido chegou e as transas foram divinas, em todas as posições possíveis, em todos os lugares possíveis: de pé, de quatro, no sofá, no chão do sofá, encostada nele, enfim, que maravilha! Fui voltando à vida, fui voltando... fui voltando... e me senti incrível e com uma vontade louca de viver e ser feliz. Eu só quero ser feliz! Eu só quero ter paz! Acho que paz é uma palavra que descreve melhor o que quero de verdade. PAZ INTERNA, coisa que os bipolares definitivamente não têm. 

O feriado de semana santa chegou, o marido voltou, as transas recomeçaram, cada vez melhores, com direito a brinquedos e mil posições. Eu Mantinha a casa sempre arrumada, não deixava nada para fazer depois, coloquei minha filha, que é fluente em inglês por ter sido alfabetizada em escola americana,  na melhor escola de inglês da cidade, 4 x por semana, à noite. A paz, simplesmente a paz. Vejam a disposição!

Bom, mas vida boa e uniforme faz parte dos depressivos? Conseguimos manter o equilíbrio por muito tempo? Todos já sabem a resposta. O meu, dessa vez, foi um dos mais duradouros que já tive: um mês e uma semana. 

A caída
Eu queria nunca mais cair. Eu sabia que a queda viria, que seria inevitável, mas alimentei a esperança de que eu me manteria daquele jeito pra sempre. Não queria pensar na queda. No fundo, também sabia que aquilo seria um sonho. No sábado de semana santa, resolvo dar uma jantar em casa para três casais. Estupidamente, me esforcei demais, ficando 14 horas em pé preparando esse jantar, as sobremesas e o almoço do dia para a família. Fiz uma lasanha que ficou tão salgada que precisei jogar fora. Que ódio! Houve alguns percalços durante a feitura do jantar: ingredientes faltando... uma loucura! Comecei esse maldito jantar às 10:30 e só terminei às 18:00 horas, exausta. Tomei um banho correndo, porque o primeiro casal iria chegar por volta de 18:15. Às 07:00 horas recebo uma ligação do casal principal dizendo que eles não poderiam vir: o marido havia sofrido um acidente e estavam todos no hospital. O segundo casal era parente e também de quebra não poderia comparecer. Todos nos hospital. Imagina minha frustração. O fato é que eu me cansei além da conta dessa preparação e na segunda-feira fui acometida por uma grave cistite. Não quis ir ao hospital naquela noite, embora estivesse com muita dor, porque não queria enfrentar um pronto-socorro. No dia seguinte, fui atendida pela minha ginecologista e a partir daí vou poupar meu leitor dos detalhes sombrios. Antibióticos me fazem mal, fiquei três dias de cama, inerte, parei com o pilates, pois não tinha condições de fazer exercícios. O marido regressou para Sampa na terça e fiquei sozinha e doente. Hoje é domingo e somente ontem me recuperei de fato. 

Conclusão: voltei a ficar péssima, o corpo voltou a estaca zero, estou cheia de torcicolos, o ânimo desapareceu, a coragem para reagir também, a tristeza insiste em tomar conta e estou tentando domá-la. Não tive forças para reagir a isso. Além de tudo, estava menstruada - aquele pouquinho de sangue, pois uso mirena - e a falta de hormônios me levou para o fundo do poço. A candidíase, sumida há 06 meses, resolveu dar o ar da graça, de leve, mas veio. Ou seja, a desgraça completa. E claro, estou acordando às 10:30 da manhã!!! Pronto! A morte da alma anunciada! Esta noite, assisti a um filme no DVD. Comecei muito tarde, pois cheguei em casa já muito tarde (compromissos de aniversário com minha filha). O filme terminou à 01:30 da madrugada e ainda liguei a televisão depois dele. Fui pra cama muito tarde, mas não dormia. Tomei stilnox às 02:50!!! O ciclo. O velho ciclo novamente. 

Estou aqui hoje chateada, magoada com a vida. Por que veio aquela cistite? Por que não consegui reagir? Numa luta desesperada, estou, agora, começo da tarde, tentando voltar a viver. Tenho uma merda de um artigo para escrever e ser publicado em uma revista. Meu departamento está cobrando isso. Que porre! Só de pensar que na semana passada acertei a quadra da mega sena! Verdade! Depois de quase oito anos jogando os mesmos números. Mais dois números e tudo estaria resolvido. Tudo! Tudo! Primeira providência: voltaria para minha cidade e lá moraria para sempre. Eu doaria todos os meus livros acadêmicos para a biblioteca da minha universidade e só leria literatura e por prazer. Sonhos! Devaneios! A realidade? Tenho uma merda de um artigo para escrever e mil outras coisas. Preciso parar de escrever aqui e tentar começar essa coisa. Essa é a verdade nua e crua. Minha cidade? Um sonho! No momento de equilíbrio até consegui esquecer dela e ser feliz aqui. Mas faço parte da gangorra dos bipolares. Dura muito pouco. O que um bipolar escreve num dia pode ser totalmente diferente no outro. 

Será que nunca vai ser possível? Haverá um dia em que eu irei levantar às 07:00 da manhã com um sorriso no rosto? Haverá esse dia? Resolverei o problema de não querer acordar pela manhã? 

Aurora 

sábado, 9 de março de 2013

Estabilidade passageira? Quisera não fosse!

Pois é. Depois de 10 dias de inferno sexual, de uma vontade ensandecida de transar 24 horas por dia, depois de várias trepadas virtuais com o marido distante, finalmente consegui um pouco de paz. Mas isso ocorreu apenas de segunda para terça-feira. 

Disso tudo pelo qual passei, algo de bom pelo menos permaneceu: descobri a possibilidade de fazer sexo pelo skype. Uma das grandes dificuldades de estar aqui, tão longe de meu marido, é sem dúvida  nenhuma a falta de sexo. Eu sabia, antes de vir para cá trabalhar no meu grande sonho, que essa parte seria muito difícil, quicá quase impossível. O que ajuda é estar realizando um sonho de vida, um sonho que persigo desde que me entendo por gente. E como gente já tenho 44 anos. Portanto, eu e ele descobrimos uma grande possibilidade de afagar e minimizar essa grande falta: ir para o quarto, ligar o computador e começar a fazer tudo o que temos vontade. Quando digo tudo é tudo mesmo: mostrar tudo diante da câmera, em todas as posições possíveis, com todos os brinquedos possíveis. Escrever coisas fantásticas e obscenas no chat do skype (não podemos conversar por causa da filha de 11 anos que dorme no quarto ao lado). O fato de só escrever apimenta mais ainda a coisa. Já é sabido, pelas pesquisas de psicólogos e linguistas, que a pessoa do outro lado da tela fica totalmente desinibida nos chats da vida, justamente por ser anônima e não mostrar o rosto. Eu sei quem está do outro lado, mas a desinibição ocorre do mesmo jeito. 

Desse frenesi todo, brotou uma coisa boa. Acho que daqui pra frente vamos sempre fazer sexo virtual. Essa prática vai nos ajudar a ameninazar a vida dura que estamos tendo longe um do outro. 

Procurei minha psiquiatra, mas tínhamos tanto para conversar que mal conseguimos tratar o assunto. Deixei para falar do surto no final da consulta e nosso horário sempre se esgota tão rapidamente como as corredeiras de um rio caudaloso. Retorno dia 08 de abril e voltarei a esse assunto. Preciso. Afinal, o que aconteceu comigo? Que merda foi aquela? De qualquer forma, ela aumentou a lamotrigina de 75 mg para 100 mg. Disse que já estava pensando em fazer isso. 

Bom, fui retornando ao normal, aos poucos. Que bom voltar!!! Que alívio! O marido continua louco. Ontem pediu mais uma sessão virtual. Eu que estava com medo daquela sensação nunca mais voltar, consegui me excitar e ir para o quarto com o computador. Mas, agora, de maneira saudável e não enebriada e louca. 

Quero terminar com uma imagem dele que me fez chorar por mais de meia hora, ontem. Morávamos em um lindo condomínio fechado com 32 casas. Por ser condomínio, as casas não têm grade e cada morador fez seu próprio jardim. Um pedaço do paraíso. Então, senti a sensação de quando ele chegava em casa, do trabalho. Nunca era ceso, pois o trabalho era muito. Senti a sensação gostosa de quando o farol do carro dele iluminava nossa sala, quando ele entrava na garagem. Com isso, eu sabia que finalmente ele havia chegado em casa e nós podíamos curtir sua companhia. Nós dormiríamos juntos. 

A luz do carro dele invadindo nossa sala, ao entrar na garagem, e a sensação maravilhosa de saber que ele estava chegando inundou a minha alma. Eu chorei. Chorei muito. O carro dele não mais chega e mesmo que chegasse seria numa garagem de apartamento. Mas a minha casa continua lá e lá ficará.

Como veem, estou estabilizada, coisa rara de acontecer. Hoje, sábado, passei um bom dia. Pena que essa sensação, que essa estabilidade, dura tão pouco tempo. Às vezes apenas um dia. Tenho medo dos próximos, da depressão que sei, há de vir; das tristezas infinitas que sei, vou sentir, em razão da minha doença. 

Aurora 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Crise psicótica sexual

Primeira parte

Eu caí e caí feio. Me esborrachei no chão. O cristal caiu e se espatifou em mil pedaços. Estou vivendo uma montanha russa como nunca havia vivido. Coisa de louco. Ou melhor: de bipolar. Se eu ainda tinha alguma dúvida, agora não tenho mais. 

Antes de sábado, 16, fui ao fundo do poço com minha depressão. A vida se esvaziou completamente. É como se os hormônios tivessem corrido de mim, fugido lá para o deserto do Saara. O que ficou foi nada; apenas um buraco, um oco, um vácuo. Como levantar nessas condições? Com que forças? E ainda sozinha nessa cidade, sem ninguém, nem amigos? Cada um está voltado para sua própria vida e não tem tempo para os outros. Só quem tem essa doença sabe o que estou realmente sentindo.

Então, aconteceu o seguinte, de repente: sábado passado, 16 de fevereiro, final da tarde, depois de um dia de cama e de depressão, e de uma raiva/frustração pela qual passei (conto sobre ela depois), vou para o computador e vejo um filminho de sexo, na verdade um flagra, de um casal transando na água, em pleno Rio das Ostras, no meio de uma praia totalmente lotada. Estava estampado em todos os jornais. Alguém filma, é claro. O meu tesão foi nas alturas e esse vídeo disparou a vontade de ver outros vídeos da mesma espécie. Foi o que fiz: fui à cata de vídeos e mais vídeos. Descobri uma série de transas nos big brothers de outros países e um do BBB da Argentina que me deixou louca. Fui assistindo e assistindo outros, cada vez mais interessada. Meu marido entra no skype, à noite, e depois que a menina foi dormir, fizemos sexo virtual. Mostrei a ele tudo o que tinha direito, com a câmara bem de pertinho. Peguei o vibrador que tenho em casa (a essa altura eu já estava com ele há um certo tempo) e simulava o ato sexual, introduzindo e tirando, em frente à câmara. Coloquei o computador na cadeira, bem em baixo das minhas pernas, para que ele tivesse um ângulo bom. Do outro lado, ele me mostrava tudo o que tinha direito também. E o pênis dele é de enlouquecer. Na tela, fica maior ainda.

Ocorre que esse tipo de coisa é de  matar qualquer um. Você quer a pessoa ali, você quer a pegada, o peso do corpo em cima de você e nada substitui isso. É frustrante! É horrível!

Depois que ele se foi, eu continuei nos vídeos. Nada me sossegava. Fiquei até altas horas. O vibrador sendo usado o tempo todo. Eu me masturbando e gozando o tempo todo também. Descobri que o escritório é ótimo para essas coisas. Vou descrever a cena: tiro a calcinha, sento em uma cadeira em frente ao computador, abro as pernas, ponho a perna esquerda em cima da mesa e começo a me masturbar assistindo aos vídeos. Massageio o clitóris, enfio o dedo, o vibrador, numa loucura ensandecida, numa vontade louca, mas muito louca, de sexo e mais sexo e mais sexo, mas real. Queria que vários homens estivessem numa fila para transar comigo, nessas ocasiões.

No domingo, a mesma coisa. Não consegui me concentrar em nada. Não trabalhei, não cozinhei, abandonei tudo. Só pensava em sexo e em ir para a cadeira, em frente ao computador, abrir as pernas e me preparar para a molhadeira.

Desde então, estou pensando em sexo 24 horas por dia. Na segunda, em pleno dia de trabalho, assistia a vídeos com a empregada em casa. Perdi o controle. Mas o pior estava por vir. Ontem, terça, fiquei até 03 horas da madrugada em minha cama, com o ipad, assistindo a vídeos de sexo. Meus preferidos são os vídeos de flagras: quando alguém filma um casal transando na rua, no escritório, com câmara escondida. Fiquei louca, louca, tarada. Eu queria sexo, muito sexo, mas não tinha ninguém para fazê-lo comigo. Quanto mais eu pensava, mais louca ficava. A vagina pegava fogo, virou uma fornalha ardente, mais parecia larvas de um vulcão. Desde então, comecei a gozar ininterruptamente, sem parar mesmo, por horas a fio. E a vagina, portanto, ensandecida, louca por uma  pênis de verdade que a penetrasse sem parar, em todas as posições possíveis, em todas aquelas que vi nos filmes.

Hoje, quarta-feira, a coisa atingiu o ápice do problema. Veja que já estamos na quarta-feira e desde sábado que estou paralisada pelo sexo. Eu não tinha aula nesse dia e à tarde, depois de deixar minha filha no colégio, voltei para casa e fui para a internet. Eu estava louca pela internet. Mas sabem por que? Por que minha vagina estava pegando fogo e eu precisava fazer isso. Voltei pra casa a mil por hora, sem nem ver as ruas por onde dirigia. Eu só pensava naquilo. Sentei na cadeira por volta de 13:15 h, já sem calcinha, me coloquei na posição que mencionei acima, e de lá não saí mais até às 18:00 horas. Pasmem! É isso mesmo, fiquei me masturbando por praticamente 05 horas. Saí uma única vez para fazer xixi, por uns segundos e foi tudo. Fiquei ensopada nesse período todo e o produto dos meus orgasmos ininterruptos banhava os meus dedos, os quais eu precisava enxugar com uma toalha de papel. Jorrava fluido por todos os lados. Massageava meu clitóris vorazmente, e a cada vídeo de flagra de sexo que eu assistia, gozava mais e mais, mais e mais. Quando deram 18:00 horas, eu precisava ir buscar minha filha e fiquei nervosa por ter que sair da internet. Eu queria continuar ali. Durante todas essas 05 hora,s a vagina em chamas e latejante. Pulsava, louca e louca. Me desliguei do mundo, não fiz nada, não trabalhei, as camas estão por arrumar, a pia com louças para lavar, e eu só queria assistir aos vídeos e me masturbar. Mas masturbação nunca resolveu o meu problema. Eu preciso de pênis real entrando. Só ele dá um basta nessas crises. E tem que ser várias vezes, uma só de nada adiante.

Agora são 20:30 minutos. Estou me sentindo mal por nada ter feito, pela minha vida estar paralisada desse jeito. Meu marido não pode vir para cá nas próximas semanas e eu não posso ir pra lá, porque tenho o compromisso do trabalho e da escola da menina. Vou ter que esquecer tudo isso. 

Segunda parte

Agora, esquecendo a vagina em chamas (que continua, por sinal), prestem atenção: 

Tudo isso que escrevi e que fiz questão de relatar acima faz parte de um pico maluco que estou tendo, fruto, eu acho, da doença bipolar. Já tive vários surtos assim, mas meu marido estava na cama ao lado para acalmar a situação. Às vezes ele não dava conta, mas nunca disse isso a ele, porque não era culpa dele. Quando esses surtos aparecem, tenho vontade de transar no mínimo umas 03 vezes por dia. Meu corpo pede isso e ele não transa 03 vezes por dia, porque está no trabalho e mil coisas. Bom, o que acontecia é que minha vontade não passava. Mas, agora, estou sem ninguém por perto. Tudo isso que relatei, imagino, não é nada normal. Não pode ser. Isso é demasiado. Talvez eu esteja errando ao assistir aos vídeos, pois eles estão intensificando o problema. Mas os estou assistindo por desejo, para tentar saciar a sede incontida que estou sentindo por sexo. Aí estou entrando num círculo vicioso. Vejam o que essa doença é capaz de fazer. Portanto, não julguem mal o meu relato. Eu quis transmitir uma realidade. A coisa podia ser pior ainda: caso eu tivesse por aqui algum affair, um amigo mais especial que estivesse me cantando, é provável que eu não resistiria (?). Não sei. Sorte não ter ninguém, porque seria arrependimento na certa, se ocorresse alguma coisa, quando o surto tivesse passado. Nunca tive ninguém além de meu marido, nesses 17 anos. Mesmo com os surtos.

Olha até que ponto chega essa doença. Estou tentando consulta com minha psiquiatra, mas me deparei com uma agenda lotadíssima dela. Enviei e-mail e ela que disse que tentaria adiantar a consulta que seria dia 18 de março. 

Sobre o acordar cedo e a vida regrada? Diante de tudo isso que relatei, um fracasso. Estou acordando perto das 11:00 da manhã. Hoje, como a bateria do ipad terminou às 03:00 da madrugada, e peguei no sono com stilnox por volta de 03:30h, consegui sair da cama às 11:05!!!! Deprimida, acabada. E à tarde, voltei para a internet. Agora, como estou? Me sentindo um lixo. Estou tentando escrever isso para ver se consigo cair em mim. Onde está a Aurora? Foi tomada pelo sexo. Eu preferia morrer a passar por tudo isso. 

Eu daria tudo para ser um ser humano normal. Não há vida nessa doença. 

Aurora 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Eu tenho que sair do marasmo

De fato acordei antes da empregada e estava pronta quando ela chegou. Dei as ordens e saí mais cedo para a aula, pois tinha que providenciar uma série de xerox para aquele dia. A quinta-feira foi cheia de aula e me cansei. Ao cair da noite, ainda tive que corrigir um trabalho de aluno em processo de monografia e o esforço foi grande. Na sexta, tinha reunião na universidade e fui ficando muito cansada muito cansada. Nela, se decidiria quem assumiria determinado posto, mas precisei me manifestar e dizer que eu não poderia assumir nada em 2013. Caí em depressão. À tarde, os afazeres continuaram, e à noite me joguei em frente à TV e lá permanecei até quase duas horas da madrugada. Ainda fui para o computador fazer uma pesquisa sobre uma instituição religiosa que comecei a frequentar, sem saber do que realmente se tratava. É que havia ido apenas à dois estudos bíblicos em casa de fiéis, a convite, e não me inteirei da organização. Foi decepcionante, pois descobri do que se tratava. Precisarei pesquisar muito ainda. Quando me deitei, eram por volta das 02:30 e ainda tive dificuldade para dormir, com a soma de vários outros problemas que eu, sozinha aqui, tenho que resolver por conta própria. Abri os olhos às 08:20 e estava como? Naturalmente exausta e em profunda depressão. Tentei dormir mais um pouco, mas não consegui. Rolei na cama até bem mais tarde. Fui até a cozinha e por conta própria tomei 100 mg de lamotrigina, a revelia da psiquiatra, novamente. Voltei para a cama para o remédio fazer efeito. Somente às 10:30 melhorei um pouco e levantei. 

Assim tem sido minha vida e não estou nada contente com ela. Nunca consigo me estabilizar. Estou muito cansada dessa vida e queria que ela terminasse. Pensei novamente em dar um basta nela e penso que já fiz tudo o que tinha que fazer por aqui. Já posso morrer. Pra quê continuar vivendo assim? Qual a graça? Qual a graça em viver longe de meu marido e de minha querida cidade? Não faço outra coisa aqui, onde estou, a não ser trabalhar e trabalhar. Não há vida, não há lugar para ir, não há nada, somente o computador e um monte de artigos para serem escritos, aulas para serem preparadas e trabalhos intermináveis de alunos para serem corrigidos. 

Minha cidade ficou do outro lado do skype. Minha vida ficou do outro lado do skype, virtual. Mas  se eu voltar para ela, não tenho como pagá-la. Fico torcendo para um enorme asteroide cair sobre a terra e acabar com tudo isso. Caiu um na Russia há 02 dias, mas realmente o que eu queria é que ele fosse gigante e terminasse com mais da metade da terra. Aqueles que restassem, teriam que viver uma nova vida, pois esse sistema cruel não seria mais possível. 

Quis escrever essas linhas, agora, sábado, para ver se me animo e se pego a agenda e tento dar um jeito na minha vida. Mas costumeiramente eu entro em depressão e a agenda dura, agora, não mais do que algumas horas. Mesmo assim, vou tentar pegar a agenda. Eu queria muito que desse certo. Eu só queria viver em minha cidade e poder pagar por ela, sem medo de não poder mais, tendo condições infinitas e seguras de pagar por ela, tipo uma aposentadoria. Ou, com um emprego razoável que me trouxesse segurança. Só isso. Só isso. Estou chegando a conclusão de que planejei mal a minha vida. O que imaginei que estaria acontecendo nesse momento dela não aconteceu e a frustração é do tamanho de júpiter. Eu calculei errado. 

Vou tentar pegar a agenda. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

De 26/01/2013 a 12/02/2013

Por volta de 26/01, eu já estava melhor. Recebi um e-mail da segunda pessoa puxando minha orelha pelo que fiz, mas ela não o fez da maneira terrível que pensei que faria. Eu precisava continuar e, como disse, eu sempre procuro continuar. Eu tento, tento, tento, tento, tento... sempre em busca da vida, querendo realmente ser feliz e ter paz de espírito. Por isso eu procuro melhorar minha qualidade de vida, tentando desesperadamente acordar cedo, dormir cedo e ser o mais produtiva possível durante o dia. 

Passei dias incríveis, nesse período do título, exposto acima. Festa na cidade dos meus sonhos, ainda em férias, embora já  com afazeres do trabalho (sou professora universitária, adjunta, de uma universidade estadual de uma cidade do interior, longe, muito longe da minha cidade querida). Continuando: assisto shows, vou ao cinema e perambulo muito pelo shopping no qual me sinto bem. Compro bastante. Tudo isso na companhia de uma querida amiga de longa data. O que eu poderia querer mais? Esse é o problema: a única coisa que eu sempre quis é viver para sempre nessa cidade, até o dia da minha morte. Mesmo assim, quero continuar nela, pois é lá que quero ser enterrada. Se nos próximos anos eu decidir que devo ser cremada, é lá que pedirei para jogar as minha cinzas. Já tenho até o lugar. Ele fica em um marco da cidade, bem no seu coração. Então, eu permaneceria para sempre no coração dessa cidade. 

Dia 30 viajo para uma cidade do Nordeste, na qual teria um congresso. A família aproveita, vai junto e passamos dias maravilhosos em um resort. Mas não esqueci um só dia da lamotrigina, o tratamento contra esse mal horrendo, que é a depressão. Hoje estou com 75 mg. Mas no auge da crise, em janeiro, quando recebi o segundo e-mail, tomei por conta própria 100 mg, por duas semanas. Mas fiquei com a consciência pesada, por ter feito isso a revelia da minha psiquiatra, e voltei para as 75. 

O que é melhor: não senti depressão nesses dias de glória. Como seria bom se a vida fosse sempre assim!!! Eternas férias!!! Dormir e acordar sem preocupação, apenas vivendo. Tomar café, fazer ginástica, o almoço, o filho na escola, o entardecer em casa, o marido chegando, a noite agradável. Viver, só viver. 

Mas a vida não é uma eterna férias. Estou de volta à cidade do interior, distante, muito distante, e amanhã encaro três salas de aula. A vida não dá trégua. O pior de tudo isso é que fui eu mesma que escolhi assim. Deus me deu uma outra oportunidade no passado, mas eu escolhi assim. Agora eu tenho que amargar a minha escolha, calada, sem dizer nada. Cheguei e tive uma noite terrível, mal dormida, com pesadelo. Em um determinado momento, acordei e não sabia onde estava direito. Dei-me conta de que estava de volta, sozinha, sem meu marido amado, que voltou para a cidade querida, já da cidade do nordeste onde estávamos, para trabalhar e levar a vida. Então eu sofri e me deu uma tristeza medonha, avassaladora. Meu mundo se fechou. Meu mundo se fecha aqui. 

2013 está todo pela frente. Eu não sei como ele será. Só sei que a dor que sinto por estar longe de minha família é pesada demais. Estou aqui para ganhar a vida. De todos os castigos que Deus impôs ao homem, com a desobediência do primeiro casal, esse é o pior de todos: tirarás seu sustento da terra com o suor de teu rosto. Nós estamos aqui para viver, mas precisamos pagar por isso. Essa dádiva que recebemos por termos ganhado a vida não foi de graça, pois temos que trabalhar para viver, temos que pagar por estarmos aqui na Terra. Sem dinheiro, morremos de fome e não podemos ficar aqui. Passamos 80% do nosso tempo na Terra trabalhando para pagar a vida que herdamos. Que Deus me perdoe, mas me recinto demais por isso. E agora essa necessidade dói mais do que nunca. 

Amanhã, eu vou tentar acordar às 07:30. A empregada chega às 08:00 e quero estar de café tomado e já arrumada para a aula, que é às 09:20 h. Todas as vezes ela me pega de pijama ou ainda na cama. Eu abro a porta para ela, às 07:45 e volto para a cama. Via de regra apenas saio dela às 08:20/08:30. Aí tenho que me arrumar correndo, comer qualquer coisa, nunca pensada, e sair. Essa é minha vida, e agora, com a vida que tenho, tudo piorou muito. É aí que não tenho mesmo mais vontade de nada. Amanhã, dia 14, quero que a empregada me encontre de pé, arrumada e pronta para recebê-la. Já basta com isso. 

Tudo o que posso prometer para amanhã é isso. 

Aurora



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dia 01

Sou muito exigente comigo mesma para querer começar a rotina do "acordar no horário apropriado" em plenas férias de janeiro. É como tentar iniciar o tão sonhado regime sempre às segundas-feiras, depois de esbanjar comilança no final de semana. Via de regra, essas tentativas fracassam. Não quero que a minha também fracasse. Há muitos exemplos de regimes bem-sucedidos, de pessoas fortes, que perseguem o objetivo. Já disse que sou assim, menos com o despertar do dia. São 44 anos de fracasso! O leitor deve estar pensando: ela vai continuar não conseguindo. Minha intenção é relatar o desdobramento dessas tentativas, aqui. Tenho um ponto negativo, como já disse: a depressão. É por causa dela que não consigo em muitos e muitos casos; noutros, o que será? Preciso descobrir. 

Ontem estava eufórica novamente. Havia ido ao shopping com uma amiga de extremo bom gosto para roupas. Comprei algumas peças. Minha amiga ia escolhendo para ela e para o presente que queria dar a outra amiga, e eu aproveitava as escolhas e ia separando para mim também. Nossa! E a vida dela é por aí!!! Não recrimino mais. Hoje, amadureci. À noite, tomei duas taças de vinho e coloquei o filme que havia retirado na locadora para assistir no dia anterior, mas não tinha dado tempo. Como queria descansar um pouco, filme no DVD! Adorei e, hoje pela manhã, assisti-o novamente. Essa parte não foi legal, pois não conseguindo levar a manhã, refugiei-me no filme. Primeiramente, vamos a ele, porque vale a pena. 

Trata-se de "O exótico hotel Marigold", filme ambientado na Índia, que tem por personagens 07 britânicos  da terceira idade que viajam para Jaipur, por motivos particulares diversos, em busca de uma reviravolta em suas vidas, devido aos últimos acontecimentos. São quatro mulheres e três homens. O ator de "Quem quer ser um milionário" também está lá, juntamente com pesos-pesados da dramaturgia inglesa. O fato é que, críticas a parte, gostei do filme (bastante, para assistir duas vezes!) e de algumas reflexões que o filme faz. Foi por isso que o revi, no intuito de refletir mais profundamente sobre esses "ensinamentos". Aqui vão eles: 


  • O modo como os indianos veem a vida:  como um privilégio e não um direto; 
  • o único fracasso verdadeiro é o fracasso da tentativa;
  • a medida do sucesso é como lidamos com a decepção;
  • a verdade é que a pessoa que não se arrisca nada faz, nada tem;
  • tudo dá certo no final. Então, se não está tudo bem, acredite: ainda não é o fim; 
  • viemos aqui e tentamos. Todos nós, de diferentes modos, levantamos de manhã e fazemos o melhor que podemos. Nada  mais importa. -  Acho que não faço o meu melhor. 
  • a vida é como uma onda. Resista e você será derrubado. Mergulhe e você sairá nadando do outro lado. 
  •  Este é o nosso mundo. O desafio é lidar bem com ele. 
  • Sobre falar em público: "imagine as pessoas nuas e você consegue". - Nunca tentei essa tática. Juro que vou tentar. 


Eu não serviria para ser crítica de nada: nem literária, nem de filmes, de quase nada, só da acomodação de muitos. Procuro ver o lado bom de tudo, então as reflexões acima me chamaram a atenção. Sei que a vida está longe de ser um filme. Sei que o desenrolar dos fatos, nessa história a que assisti, é utópica, mas precisamos de um pouco de ficção de vez em quando, para não endurecermos tanto. 

Que somente quem se mexe na vida é quem consegue algo, isso já está mais do que provado. Eu já provei isso. Meus caros, vocês não imaginam! Meu filho completa 28 anos, agora; eu tenho 44. Façam as contas. Isso é só o começo. 

Mas, hoje, que marquei como sendo dia 01, não tive sucesso. Ontem, no momento de euforia da noite e das duas taças de vinho, coloquei o relógio para despertar às 07:00 horas, pois minha filha pequena iria para a casa de uma amiga e o pai a iria levar lá antes do trabalho. De fato, saíram às 07:40, mas, ao me ver sozinha, fraquejei. Olhei para o apto. e decidi que ainda estava com sono, pois havia ido para a cama ontem à uma hora, com meio comprimido de Stilnox, senão não apagaria, e voltei para a cama. Que estúpida!!! Achei que ficaria com sono durante o dia, pois havia despertado às 05:45, bem antes das 06 horas garantidas pelo indutor do sono, stilnox. Acho que dormi de leve apenas uns 10 minutos. Acabei saindo da cama às 09:30h, olhei para o monte de louça para lavar do dia anterior, que se juntou com a do café, fiquei mal. Peguei o filme do dia anterior, no qual queria voltar apenas para rever o começo para entender algumas coisas e por lá permaneci até o final. Término? Meio dia. Tentei escrever esse texto, ainda, mas o telefone tocou, era uma amiga da minha cidade de trabalho; ficamos quase uma hora no telefone. Também falei com meu filho pelo skipe. Resultado: eu tinha um compromisso às 14:00 horas e às 13:30 não tinha almoçado. Engoli a comida em cinco minutos,  me arrumei mal, esqueci um documento que precisava levar, cheguei correndo no local, 07 minutos atrasada. E assim foi o dia. A louça ainda não foi lavada, tarefa que irei executar assim que fechar isso aqui. Já são 07:00 da noite. Meu dia? Acho que não correu como eu queria. Motivo? Saí da cama somente às 09:30 h. Isso tem que mudar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Como ficam as reflexões indianas, acima? Perdem-se no filme? 

Vamos ver amanhã, o dia 02. 

Aurora 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Ainda não aprendi. Mas, é possível?


Tenho feito muita retrospectiva ultimamente. E me deu uma tristeza danada por constatar, enfim, que a depressão fez parte da minha existência a partir dos meus 14 anos. Nessa idade, comecei a trabalhar fora, já registrada em carteira. Fazia e faço parte de uma família pobre, pai metalúrgico, mãe dona-de-casa e completamente doente mentalmente. Ver sua mãe louca a vida inteira e sendo ela o ser mais limitado que você já viu na vida é muito triste. Não encontro uma palavra pior que triste, porque é isso que sinto: uma profunda tristeza. Diante de tanta dificuldade (mas não nasci assim; vou relatar minha vida até os 09 anos e ai verão), vi por mim mesma que precisa trabalhar para ajudar. Havia uma empresa perto de casa que aceitava crianças. Bom, nessa época o país permitia que essas crianças trabalhassem, por isso a empresa as contratava. Pelo menos as registrava em carteira. O fato que nos interessa é que creio ser a partir daí que iniciei a queda. A partir daí o gráfico do meu estado de espírito ficou maluco, subindo e descendo, descendo e subindo. Olho para trás, hoje, e vejo como meu peito doeu a vida toda e vejo também o esforço tremendo que fiz para parecer equilibrada, pelo menos diante das pessoas. Não queria que elas percebessem a minha alma sofredora. Eu consegui e consigo até hoje. Mas, atualmente, a coisa está mais perigosa, porque penso em morrer com muita frequência. Antes eu queria vencer na vida e afastava a ideia de morte.

Ainda não consegui acordar cedo. Na segunda-feira, iniciou em casa uma faxineira. Ela chegou às 07:40 da manhã e fui obrigada a pular da cama. Era a primeira vez dela. Muito boa, por sinal; revirou o apto. todo, limpou até as frestas, deixando aquele ar de pureza. Que bom! Que abençoada! E um humor de fazer inveja a qualquer depressivo. Fico observando essas mulheres batalhadoras, que saem de casa cedo e encaram um trabalho pesado desses, sem reclamar de nada. Pelo contrário, felizes, dispostas, sempre com um sorriso no rosto, sem nenhum receio de encarar o que quer que se peça. Eu fiquei maravilhada! Não pela limpeza em si, mas pela disposição, pela felicidade da senhora. Parece que o peito delas não dói, que ficam tristes sim, por serem humanas, mas uma tristeza normal, não essa que sentimos. Eu queria ser assim. Nunca fui. 

Pois bem. A senhora chegou, levantei no horário que sempre quis levantar (um pouco antes das 08:00 da manhã), o dia rendeu e não senti remorso. A depressão amainou. Apesar do horário, não senti sono durante o dia. À noite, estava ótima, com muita disposição. Assisti ao meu seriado preferido, no canal GNT, que terminou à meia-noite. Tinha louça para lavar. Resolvi. No final da lavagem, tomei um stilnox, para ir fazendo efeito. Por que? Eu percebi que não ia dormir, pois a mente estava acelerada. Deitei 15 minutos depois do remédio e fiquei apavorada: mesmo com o Stilnox, eu não dormia. Acho que demorou uns 40 minutos ainda!!! A mente não parava e o remédio não fazia efeito. Lembrei-me do Michel Jackson, que num ato de desespero pediu ao seu médico para aplicar uma substância anestésica para ver se conseguia, depois de várias outras tentativas com outros medicamentos. Que horror! Em um determinado momento, que a gente nunca sabe qual, adormeci, mas acordei algumas vezes. Preocupei-me bastante. O medo: que o Stilnox não fizesse mais efeito. Conclusão: acordei cedo, mas tive um pico de euforia, que não me permitiu dormir como as pessoas normais fazem. Por essa e tantas outras, cheguei mesmo a conclusão de que não sou normal. Demorei 38 anos para admitir isso. Até hoje é difícil e ainda vai continuar sendo. 

Deixe-me abrir um parênteses: não costumo tomar Stilnox para dormir. Apenas lanço mão dele quando há uma crise e vejo que não vou mesmo conseguir. Ás vezes passo até dois meses sem precisar usar. Uma cartela de 20 comprimidos  já chegou a durar quase um ano, porque, com medo, muitas vezes tomava apenas meio comprimido. Porém, depois daqueles e-mails, passei a tomar com frequência. Não meio, mas um inteiro. Precisei pedir receita para minha dermatologista, aproveitando uma consulta, para comprar mais.  (a psiquiatra está na minha cidade de trabalho). Havia trazido pouco. Eu não esperava entrar em crise, em férias, e na minha cidade idolatrada. 

Na terça-feira, acordo tarde. Havia marcado alinhamento e balanceamento do carro para às 10:00, justamente para me forçar a sair da cama. A ideia era esperar em um shopping por perto. Não consegui arrumar as coisas para tal e pedi ao pessoal para me retornaram para casa, enquanto o serviço não era feito. Tinha dentista às 14:30 h. O almoço atrasou, tudo atrasou e saí correndo, deixando minha cozinha suja, com cheiro de almoço, e um monte de louças para lavar. Me aborreci comigo. É assim: saindo da cama tão tarde, ocorre um efeito cascata, numa sequência de acontecimentos desastrosos. 

Hoje, quarta, novamente acordo tarde, pois fui dormir tarde. Tinha compromisso às 13:30 h e saí da cama às 10:30 horas. Novamente o efeito cascata. Mesmo assim, cheguei pontualmente ao meu compromisso. Porém, a qualidade podia ser outra. 

Creio que preciso de um programa sério para acabar com isso. Pena que não existem associações como a do AA, dos vigilantes do peso, para ajudar nisso. Eu frequentaria. Apesar de tudo, tenho capacidade de ação para outras coisas, vou à luta, mesmo morta muitas vezes, mas não consigo vencer isso. Hoje levantei-me depressiva novamente. Parece que meu organismo se descompensa agindo assim. Não sei. Parece que não levanto porque não sou feliz. Não sei. Eu queria saber. 

Aurora 

sábado, 19 de janeiro de 2013

Crise terrível de depreessão

Recebi um e-mail terrível no dia 01 de outubro de 2012, que mexeu com toda a minha existência. Essa confissão não é exagerada, pois ele mexeu com o sonho que persegui a minha vida inteira. Consequência: não consegui mais me equilibrar. Agora em janeiro, recebo um outro e-mail, de uma segunda pessoa, vinculada àquele de outubro. Parece que a pessoa contou para essa segunda, ainda em outubro, uma pessoa que tem 100% de ligação com o que ocorreu . Essa segunda, a partir daquele momento, ficou aguardando um contato meu, para me explicar. Eu estava me estabilizando, isso já no final de novembro e começo de dezembro. Agora, em férias, em minha cidade, recebo esse segundo: três linhas que me jogaram novamente no chão. Não, além do chão, nas profundezas do chão. A primeira não teve a mínima piedade do meu ato, que não foi proposital, não perdoou, me ameaçou até com processo. Sei que dependendo do ponto de vista que se encare, é difícil entender mesmo; mas há o ponto de vista da humanidade, do bom coração, do perdão. Um amigo! Um amigo fez isso. Tentei bani-lo da minha vida, deletei e-mail e tudo. A intenção era de fato bani-lo, tentar prosseguir, apesar. Mas recebi o segundo e-mail. Novamente parei de comer, voltei a ser letárgica, paralisada. A segunda pessoa quer conversar comigo ainda em 2013. Mas, o fato é que entrei em crise. Quem vai entender? Com certeza, não essas duas pessoas. 

Estou trabalhando em outra cidade, longe, muito longe. Tudo para seguir o meu sonho. Separei minha família por causa disso; o marido permaneceu, por causa do trabalho. Segui com filhos, sozinha, mesmo sabendo que não tenho saúde mental para ser equilibrada; mesmo sabendo que podia entrar em crise profunda. E entrei mesmo. 

Sofri a vida inteira com depressão. Altos e baixos. Quando mais nova, mais altos, uma vontade louca de crescer, de vencer. As crises de depressão estavam mais relacionadas ao período pré-menstrual. Ele passava, os hormônios voltavam e então eu disparava por alguns dias. Tinha vontade de fazer e de acontecer. Achava que era invencível e que não era doente. Na verdade, adorava aquela disposição toda e de fato ela fez a diferença na minha vida. Aos poucos, vou relatando os porquês por aqui e o leitor vai fazendo suas conexões e vai entendendo. Mesmo assim, a depressão vinha e me lembro de momentos terríveis, até durante os episódios de euforia.  Mas eles logo passavam, duravam no máximo alguns dias.  Então, eu aproveitava a disposição. O problema: ela trazia consigo uma mente que não desligava e não raro não conseguia dormir. Deitava e a mente disparava. Muitas vezes eu via o relógio dar 02:00, 03:00, 03:30 da manhã e nada. Desespero total, porque durante dois anos dei aula no período da manhã, entrando às 07:10!!! Um verdadeiro filme de terror esse horário. Aliás, só mesmo em país subdesenvolvido, que precisa do espaço físico da escola para enfiar alunos no período da tarde e da noite! Construir escolas? Para isso não têm dinheiro. Período integral? Não têm escolas. Atividades extras até mais tarde? Precisam da tarde para jogar os alunos. Desculpem os verbos, mas é isso que fazem. 

Bom, para encurtar a história de hoje, senão canso o leitor, meu cérebro não aguentou a oscilação. Acabei de ler um artigo sobre isso. Pesquisas têm comprovado que o cérebro dos bipolares realmente se danifica com as oscilações constantes. Vou continuar pesquisando. O fato é que fui piorando ao longo do tempo e a euforia deu lugar definitivo à depressão. A euforia sumiu e nunca, mas nunca mais voltou. Eu senti muita falta dela. O brilho do olhar se dissipou. Acabou tudo. Já tem mais de sete anos que isso vem acontecendo e nesse tempo travo uma luta grande para continuar vivendo. Estou muito cansada e não tenho mais capacidade de lidar com problemas, principalmente com e-mails como o de outubro de 2012.  Não adianta me pedirem para falar com as duas pessoas. Uma pessoa em crise, como estou, não consegue enfrentar situações. De qualquer forma, uma vive em outro estado e deu por encerrado o assunto em outubro (sim, mas falou com uma segunda pessoa, central no caso. Isso é encerrar o assunto? A primeira pessoa quis louros para si, quis aparecer, ser a vítima. Não perdoou. Não guardou para si. Conseguiu! "Você realmente é muito inteligente, está provado" . Ok!!! Não era isso que queria? Não importou com a amizade. "Nossa, eu sou incompetente!" Ei, está provado - Você provou isso naquele pequeno espaço de um total muito, mas muito maior, que era só meu. Pode me deixar continuar, por favor? Talvez eu consiga provar ainda que não sou incompetente!)  Bom, a outra disse que fala comigo em 2013. Mas eu não quero falar. Dá pra pular o meu tropeço de quase 10 anos atrás e me deixar continuar? Talvez eu consiga provar que não sou incompetente! 

Viram a minha dor? O que importa aqui: a minha doença chegou a níveis intensos, a ponto de me paralisar. Estou com muito medo, porque ainda terei que enfrentar as algúrias da vida; só tenho  44 anos! A menos que não consiga mais continuar. Pedi a Deus para encerrar isso, mas Ele não vai me atender. Quão triste deve ser para um pai um pedido desses!. Acho que se eu fosse sadia, faria de tudo para ajudar meu filho numa hora dessas. Mas Ele não interfere mais no curso da história humana. Prometeu que acabaria com o sofrimento humano, mas um dia. Um dia Dele, não nosso. Um futuro... Quando? Não nos cabe questionar. Não nos cabe nada. Eu só sinto muito, do fundo da alma. Queria que tudo fosse diferente. Não é. 

Desatei a escrever, desculpem. Agora chove já fora. Chove dentro de mim também. Consequência: não quero abrir os olhos pela manhã. Continuo acordando entre 10:00 e 10:30 e até agora de nada adiantou a criação do blog há dois dias atrás. Estou paralisada. Aí me culpo, num círculo vicioso. Entro em depressão porque acordo tarde e não consigo passar pelos dias com produtividade. Aí, vou dormir tarde, porque não tenho sono, sabendo que vou acordar tarde, para começar tudo de novo no dia seguinte, atravessando assim a eternidade da minha vida. Dormir nas duas últimas semanas? Só com Stilnox. Mesmo assim ando acordando com ele

Aurora


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O início da caminhada

Iniciar  um blog já era um desejo. No entanto, imaginava fazê-lo para discutir temas mais profícuos (frutíferos) do que o tom de diário. Imaginei-me fazendo uma pesquisa, me inteirando cada vez mais do "tema profícuo" para poder postar. Ainda não será dessa vez; o tom de diário ganhou necessidade, necessidade gerada por um problema que me persegue desde que tenho consciência da minha existência (estou com 44 anos): eu não consigo levantar da cama pela manhã com satisfação; levantar é sempre um martírio; talvez seja uma fuga: ao dormir, o mundo não existe - ao acordar, a vida precisa ser encarada. Eu peito a vida de frente, embora já esteja cansada, mas quase nunca (excetuando quando viajo em férias) levanto bem. É uma luta diária, a cada manhã. Nunca sou feliz quando abro os olhos. Então, para começar o dia, incia-se a luta para sorrir, para trabalhar, para me manter de pé. Essa condição tem piorado à medida que o tempo passa, particularmente dos 38 anos em diante. Ultimamente, tem atingido níveis insuportáveis. Eu tenho querido não abrir mais os olhos, já pedi a Deus para cerrá-los definitivamente para não ter mais que abri-los. Pedi perdão a Ele, mas a dor que tenho sentido é insuportável. Viver assim não vale a pena. Se eu tivesse um botão literal de "off", já teria me desligado. Não o tenho, e meu medo, meu sincero medo, é que eu acabe fazendo isso pelo suicídio, qualquer dia desses.

Antes de continuar, deixe-me esclarecer como cheguei ao título desse blog. Eu queria um nome que tentasse traduzir a dificuldade de acordar pela manhã. Passei o dia inteiro de ontem pensando em possibilidades e a única que era reincidente era "a bela adormecida". Mas a referência à história infantil é muito comum e eu queria algo melhor. Depois pensei em iniciar com "amanhecer", "manhãs", mas também desisti. Aurora nos remete a amanhecer e gostei do nome. E "Perdida" porque perco todas as manhãs, se posso. Invariavelmente, levanto -me da cama lá pelas 10:30 e as manhãs escorrem por entre meus dedos. Ou melhor, não há manhãs.  Portanto, "Aurora Perdida" (eu perco todas as manhãs, razão da existência do blog). Foi assim que nasceu o meu título e qualquer semelhança é mera coincidência. Explico isso de antemão, porque ando chocada com o ser humano a esse respeito. Não duvido que possa aparecer alguém ainda nesse mundo reclamando direitos até de palavras que são de domínio público. Como viveria o poeta?

Para não ficar restrita ao tom confessional, quero trazer aqui olhares meus sobre o mundo, como uma espécie de crônica. Porém, todos os motivos convergirão para as manhãs horríveis. As crônicas surgirão porque uma manhã dessas a evocou, porque serão uma consequência do "acordar tarde". O pior de tudo é isso: tem consequências, e sérias. Quantas coisas na vida se perde começando o dia às 10:30/11:00 horas! Quantos desfechos desagradáveis! Quantas melhorias poderiam ser feitas! É isso que quero discutir aqui: as consequências, para deixar bem claro para para mim mesma (aqui revelo meu sexo, não há jeito) que esse hábito está me prejudicando enormemente. Talvez encarando o problema diante da rede inteira, eu o resolva. Será?

É meu interesse, também, discutir cientificamente o problema. Toda vez que ler um artigo interessante, uma matéria no jornal a respeito, vou discuti-la. Ainda, pretendo discutir os métodos que adotarei para "resolver" o dilema.

Um filme a que assisti em 2009 me motivou a escrever o blog: Julie & Julia - desde essa data, tenho pensado em começar um. Para quem o viu, Julie, cuja vida andava muito pacata, resolveu fazer em casa uma receita por dia de um livro de culinária da renomada autora Julia Child, também muito conhecida nos Estados Unidos por protagonizar programas de culinária que se tornaram célebres no país.  Julie passou a postar suas experiências na elaboração dessas receitas, muitas delas difíceis de fazer, pois eram sofisticadas. Pronto! Ela encontrou um motivo para viver: durante 365 dias, Julie tinha a obrigação com seu blog de relatar sua experiência diária na cozinha. Virou filme!!! Não tenho pretensões de que minha experiência vire filme; se eu passar a ser feliz pela manhã, terei alcançado meu objetivo. É só isso.

Por último. Tenho problemas com depressão? Sim, a vida toda. Carrego uma herança genética terrível, avassaladora. Aos poucos, vou discutindo tudo isso aqui. Felizmente, como leio muito e estudei muito, me informei sobre isso e tenho consciência de mim (até demais para o meu gosto). Lutei a vida inteira para não deixar essa herança horrorosa se sobressair. Mas, nos últimos anos, ela tem posto suas garras de fora. Só então, procurei ajuda médica.

Aurora